Emprego no setor metalmecânico preocupa noroeste do RS

Cidades vizinhas sofrem com situações opostas de emprego

A falta de trabalhadores na indústria metalmecânica preocupa entidades e empresários de Santa Rosa, cidade no noroeste do Rio Grande do Sul. Com duas montadoras de máquinas e equipamentos agrícolas instaladas na região - AGCO e John Deere -, 47 empresas terceirizadas e quarteirizadas trabalham na produção de peças para fornecimento às multinacionais. Segundo estimativa da Associação Comercial, Industrial, Serviços e Agropecuária da cidade (Acisap), faltam 350 metalúrgicos.

O problema não é apenas encontrar profissionais qualificados, já que Santa Rosa tem uma Escola de Educação Profissional do Senai, que atua na formação e no aperfeiçoamento. A maior dificuldade é localizar pessoas que queiram se inserir no setor da indústria, especialmente jovens. O presidente da Acisap, José Muñoz Garcia, avalia que o problema envolve uma questão cultural. "As pessoas estão trocando o trabalho na indústria e buscando atuações nos setores de comércio e serviços. Um motivo poderia ser a rotina diferenciada do trabalho em metalúrgicas", diz.
 
Como solução para o setor metalmecânico, Munõz aponta duas alternativas. A primeira seria pensar em aumento da remuneração, processo que, segundo ele, já apresenta melhorias, mas que deve ser bem planejado. Outra medida refere-se à questão cultural. "Assim como se perdeu esse interesse pela atuação na indústria, podemos recuperá-lo com ações nas escolas, por exemplo." Ele propõe um trabalho de conscientização com jovens sobre a importância da tecnologia e as perspectivas de crescimento para quem atua no setor. Segundo Munõz, vê-se a gravidade do cenário no momento em que multinacionais precisam da matéria-prima produzida na cidade, pois, ao não encontrarem o suficiente, vão buscar em outro local. Ele diz ainda que a falta de mão de obra pode frear o desenvolvimento da indústria na região.
 
A 40 quilômetros de Santa Rosa a preocupação é oposta. As 40 demissões na John Deere na semana passada, somadas aos 300 funcionários dispensados no ano passado são motivos para desconfiar de uma transferência da fábrica, responsável por grande parte dos empregos da cidade e contratação de fornecedores da região. De acordo com o deputado Osmar Terra (PMDB), meciona motivos para acreditar que a planta será fechada, a mudança da diretoria da cidade para Porto Alegre, a transferência da fábrica de tratadores de Horizontina para Montenegro (RS) e a redução drástica da produção de colheitadeiras, que segundo Terra, deve ser levada a curto prazo para a Argentina. A John Deere de Horizontina é a maior fabrica de colheitadeiras do Brasil, herdeira da SLC, tem planta de 12 hectares de área coberta. Juntas a Unidade da John Deere de Horizontina e a unidade da AGCO/Massey, de Santa Rosa, produzem 70 % das colheitadeiras brasileiras. 

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