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A China planeja triplicar sua capacidade de energia gerada a partir do vento nos próximos dois anos, em linha com o objetivo do governo central de promover as energias limpas e um desenvolvimento econômico mais sustentável, disse um alto funcionário governamental. A capacidade total de energia eólica do país é atualmente de seis mil megawatts, mas até o final deste ano terá chegado a 10 mil megawatts, e até 2010 o governo terá impulsionado uma produção eólica de 20 mil megawatts, estima Song Yanqin, subdiretor da divisão de administração da pesquisa e colaboração internacional do Instituto de Pesquisas em Energia na China (ERI). Este órgão é parte da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e a Reforma, com sede na capital chinesa, que é a agência encarregada de implementar os programas de conservação energética e redução de emissões contaminantes.
“Um aumento na capacidade de energia eólica ajudará a satisfazer a crescente demanda local e garantir a proteção ambiental”, disse Song à IPS em uma entrevista realizada durante o Fórum Asiático de Energias Limpas, realizado de 2 a 6 deste mês em Manilha pelo Banco Asiático de Desenvolvimento e pela Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional. Song acrescentou que a crescente capacidade eólica tem a ver com o plano do governo de aumentar a cota de energias renováveis do país e, portanto, ajudar a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. A economia chinesa, em rápida expansão – a média anual de seu produto interno bruto aumentou cerca de 10% nos últimos cinco anos – converteu o país em um importante consumidor de energia.
A China depende principalmente do carvão, recurso energético originário, abundante e barato. A Administração de Informação sobre Energia prevê que nos próximos 20 anos, na medida em que a economia nacional continuar aumentando, a demanda por carvão crescerá ao ritmo anual de 3,5%. Mas as unidades alimentadas por carvão estimulam as emissões de carbono, que aceleram o aquecimento global. O Banco Mundial informou que a China possui 20 das 30 cidades mais contaminadas do mundo, em boa parte devido ao seu alto consumo de carvão.
O aquecimento global e conseqüente mudança climática são levados a sério pelo governo chinês. O derretimento das geleiras na Região Autônoma do Tibet e na província de Xianjiang, bem como o aumento das temperaturas na região ocidental do país, já ameaçam reduzir os rendimentos de arroz, um cultivo que exige muita água. As áreas costeiras também sofrem os extremos de tempestades que vêm ocorrendo nos últimos anos, atribuídos à mudança climática. “A China busca um novo caminho de desenvolvimento”, disse Yu Cong, diretor do centro de eficiência energética do ERI.
Yu, que também participou do fórum de Manilha, acrescentou que o governo chinês prefere um modelo mais sustentável de desenvolvimento econômico e que se esforça para reduzir seu consumo de energia. O desenvolvimento de fontes renováveis, como a eólica, é uma medida-chave, afirmou. As energias renováveis representam apenas um quarto da capacidade total instalada do país, de aproximadamente 700 mil megawatts. No ano passado a nação consumiu 2,65 milhões de toneladas de equivalentes do carvão, apenas 7,5% das quais eram renováveis. O governo espera que até 2010 as energias eólica, hidrelétrica e solar representem 10% do consumo total.
Em comparação com os principais produtores e consumidores de energia eólica, como Alemanha, Espanha e Estados Unidos, a capacidade instalada da China ainda é baixa. Mas Song acredita que isto mudará nos próximos anos e que seu país poderá surgir como o maior produtor mundial de energia eólica. “Temos os recursos. Nossas faixas costeiras são mais extensas do que as da Espanha”, disse.
“Embora a China ainda esteja atrasada em relação a muitos países em termos de usinas de energia eólica, seus recentes dados de crescimento excedem de longe a média mundial. Um contexto político cada vez mais forte e uma crescente base local de manufaturas contribuíram para que a China mais do que duplicasse sua capacidade eólica em 2006”, disse Joanna Lewis, do Centro Pew sobre Mudança Climática Global, com sede nos Estados Unidos. Em um estudo divulgado em julho de 2007, Lewis comparou as estratégias de desenvolvimento de energia eólica na China, Índia e Espanha. Enumerou vários programas para incentivar a manufatura local de turbinas de vento e aumenta a quantidade de estabelecimentos eólicos.
Isso incluiu deduções de impostos, concessões, um processo competitivo de licitação para o desenvolvimento de fazendas eólicas, promoção de transferência de tecnologias e subsídios para as pesquisas em energia gerada a partir do vento. Tais medidas continuarão apoiando não apenas o programa de energia eólica da China, mas também seu plano de desenvolvimento de energias renováveis. Os subsídios, os incentivos fiscais e a destinação de mais fundos para a pesquisa podem ajudar a criar uma “demanda de mercado estável, previsível e sustentável” para as energias renováveis, disse Song.