Planejamento: para quê? Se as contas não fecham, é só aumentar impostos

Exclusiva

Nos dias de hoje, nada é tão ruim que não possa piorar. Decisões tomadas por canetadas, sem o devido aprofundamento dos resultados, causam espanto, confusão, destroem credibilidade e espalham desconfiança e incerteza quanto aos resultados.

E se as contas continuarem não fechando, a fórmula será mais uma vez aumentar a receita? Que só pode ocorrer através dos aumentos de impostos? Seguirá? E no mesmo ritmo?

O recente aumento do imposto sobre operações financeiras indica que será sempre esse o caminho a seguir para equilíbrio das contas públicas? Para a crença de que a reforma tributária será um grande avanço, com seus três principais tributos, essas decisões intempestivas se somam à falta de credibilidade de que novos outros impostos, contribuições e outras formas criativas serão criadas para suprir a eterna necessidade de aumentar a arrecadação.

Uma análise sobre os efeitos que um aumento da alíquota do IOF e suas diferentes aplicações causaria nas operações financeiras das indústrias, comércio e serviços parece não ter sido feita, dado o açodamento da sua divulgação e início de validade (menos de 24 horas).

Indústrias, principalmente, são demandantes de empréstimos para o capital de giro de suas operações, devido aos prazos de transformação de matéria-prima em produto, além dos prazos de recebimento de suas vendas. Esses custos de empréstimos, atualmente, já são elevadíssimos pelas taxas de juros praticadas, além do spread relativo aos riscos e margens de lucro dos financiadores.

Como as necessidades de capital de giro para manutenção das suas operações são variáveis, decorrentes das condições de mercado, o empresário que tomar repetidos empréstimos de curto prazo terá, ao longo do ano, taxas mais altas, podendo inviabilizar o próprio negócio.


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O crescimento dos custos envolvidos em operações de crédito, que já fazem parte da análise do risco do tomador, poderá fazer com que os spreads bancários sejam maiores, tendo efeito negativo nas operações industriais — tanto na captação desses recursos como no recebimento da comercialização de seus produtos, com os riscos de aumento da inadimplência de seus clientes, que também estarão captando recursos com custos maiores.

Nesse efeito cascata, empresários poderão reduzir a oferta de seus produtos para redução de seu capital de giro, com as consequentes redução de jornada de trabalho ou possíveis reduções de mão de obra.

Decisões impensadas, como essa, somente para zerar as contas públicas, demonstram uma total falta de planejamento orçamentário. Em qualquer organização privada, seja de pequeno, médio ou grande porte, despesas e receitas são controladas diariamente por indicadores, metas e planos de ação para o cumprimento dos resultados de seus orçamentos.

Lucros ou prejuízos fazem parte dos negócios, e a gestão de suas operações precisa estar atenta aos desvios de seu orçamento — sejam pela redução de receitas causadas por queda de demanda, concorrência e preço, sejam por aumentos de despesas ou custos não previstos.

Em empresas privadas, suas receitas são dependentes das condições econômicas de oferta e demanda. Mas suas despesas são dependentes, principalmente, de sua gestão. E como não têm fontes de receitas gratuitas por simples canetadas, decisões de economia e cortes de custos, em seu planejamento inicial, precisam ser tomadas para encontrar rapidamente as melhores ações de correção e ajustes para reequilíbrio de seu orçamento.

Diferentemente, para o governo, como as despesas crescem sem controle, a solução é sempre o aumento de receitas. E, em matéria de arrecadação tributária, o governo está sempre na vanguarda — para o atraso do crescimento econômico.

*Imagem de capa: Depositphotos.com

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Carlos Eduardo de Sá Baptista

Presidente do CEM Rio

Indústria Metalmecânica - Rio de Janeiro

CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

O SINMETAL – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas no Município do Rio de Janeiro foi fundado em 09 de setembro de 1937. Sua História é de glórias! Apesar das várias transformações vividas ao longo de sua existência, pode-se afirmar, pela leitura de seus arquivos, que é verdadeira fonte da História Industrial Brasileira e até hoje, mesmo diante dos momentos mais difíceis, das crises econômicas, políticas e sociais que o Brasil e o Rio de Janeiro sofreram, nestes 86 anos de sua existência, os princípios que nortearam a Entidade sempre foram os da transparência, da ética e de muita luta em busca de uma economia estável, da geração de renda e emprego, do crescimento industrial, do bem-estar social e do fortalecimento das empresas, independentemente do seu tamanho, faturamento ou condição econômica.

Em 2021 o SINMETAL criou o CEM RIO, um Comitê Empresarial referência para interação dos negócios no Rio de Janeiro, agindo como um fórum de discussões, sugestões e busca de soluções para o segmento.

Em 2022, o Comitê passou a ser considerado como um Centro Empresarial e o nome CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO foi aprovado para constar do Estatuto da Entidade como seu nome de marca. Na prática, portanto, será conhecido como CEM RIO e dele poderão participar empresas metalúrgicas e outras que exerçam atividades afins ou com interesses similares, que desejarem participar do CEM RIO.

Assim todas as atividades sociais serão conduzidas pelo CEM RIO, um nome que nasceu forte, um Centro que reúne empresários com o objetivo principal de fortalecer as micros, pequenas, médias e grandes empresas.