Ocupação sem carteira assinada volta a ganhar espaço

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) mostrou outra face da recente - e ainda embrionária - piora do mercado de trabalho. Em junho, a ocupação cresceu puxada pela precariedade. No mês, foram fechados 55 mil empregos com carteira assinada nas quatro regiões para as quais foram divulgados dados (São Paulo, Belo Horizonte, Rio e Recife). Ao mesmo tempo, cresceu o emprego sem carteira assinada (28 mil vagas) e a ocupação por conta própria (34 mil vagas). A variação é sempre em relação ao mês de maio.

Nos últimos anos, a queda do desemprego e a forte demanda por trabalhadores permitiu o aumento da formalização no mercado de trabalho, com número crescente de contratações com carteira de trabalho assinada, o que significa acesso ao INSS e a benefícios como seguro-desemprego, FGTS etc.

O aumento das ocupações precárias pode estar relacionado ao aumento de ocupações temporárias O camelô que foi para a rua vender produtos verde-amarelos durante a Copa é um exemplo do "conta própria", que voltou a crescer nas estatísticas. O garçom que reforçou a equipe em um bar pode ser um exemplo de "sem carteira".

Mas há sinais além da Copa. Em junho, na comparação com maio, foram fechadas 88 mil vagas na indústria (setor que contrata com carteira). Por outro lado, o emprego doméstico voltou a crescer. Foram 40 mil novas vagas em casas de família. Esse fenômeno é mais recente. Na comparação com junho do ano passado, o saldo ainda é negativo (17 mil vagas a menos).

Outro sinal do mercado de trabalho mais deteriorado é a queda no rendimento médio real. A renda caiu 1% no Recife, 2,2% em Belo Horizonte, 0,5% no Rio e 1,6% em São Paulo, sempre na comparação com maio, já descontada a inflação. Em parte, essa queda é consequência do aumento das vagas precárias (que pagam menos) e do fechamento dos empregos formais (que pagam mais), mas como essa troca ainda é pequena diante do total de ocupados, a queda no rendimento parece parte de um processo que irá mais longe.


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