A indústria paulista demitiu 36,5 mil funcionários em 2013, segundo pesquisa de emprego da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) divulgada nesta quarta-feira (22).
O resultado negativo, que segundo a Fiesp refletiu “a frustração da expectativa do empresariado”, foi melhor que a perda apurada em 2012, quando houve o fechamento de 54,6 mil vagas de trabalho.
De acordo com o gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Guilherme Moreira, o resultado foi frustrante. "Foi um resultado que frustrou a expectativa que a Fiesp e o Ciesp tinham de ter pelo menos um saldo positivo no final do ano", diz.
Ele lembrou que as expectativas das entidades eram de que o saldo pudesse ficar positivo em 30 mil empregos. Contudo, a projeção foi logo revista para 20 mil vagas criadas e, depois, houve a previsão de demissão de 15 mil empregados. "Fechou mais negativo que isso, mas ainda é um resultado melhor que 2012", salienta.
A Fiesp e o Ciesp revisaram para baixo a estimativa para a PIM (Produção Física do Brasil), medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deve apresentar ganhos de 1,5% em 2013 e de 2% em 2014. "Havia expectativas de crescimento mais forte da produção [para 2013]. Conforme foi chegando o segundo semestre, essa expectativa de elevação da produção foi se frustrando", explica Moreira.
De acordo com o gerente, a mão de obra estava sendo retida pelo empresário com a expectativa de que a produção cresceria e ele precisaria do empregado para cumprir as entregas, mas com um crescimento de 2% da produção, o industrial não conseguiu manter o robusto quadro de funcionários para dar conta dessa expansão. "Um crescimento de 2% em cima de um ano em que ela [indústria] cresceu 1,5%, e do ano anterior em que ela perdeu mais de 2%, não é suficiente para a expansão do emprego", explica.
Para emprego crescer, o Brasil precisa de um crescimento vigoroso, enquanto parte do mercado de consumo aquecido fruto dessa expansão precisa ser absorvida pelas empresas brasileiras e não somente por produtos importados, defende o gerente. Ele pondera, no entanto, que a trajetória de alta da taxa básica de juros, Selic, já está “refreando o consumo”. "A gente aposta no crescimento porque a indústria deve ser beneficiada pelo câmbio e pelo aumento da demanda externa", comenta o gerente.
Demissões em dezembro
Apenas em dezembro, a indústria paulista demitiu 60,5 mil funcionários. Para Moreira, as demissões só não foram maiores porque algumas usinas de açúcar e álcool estão mantendo trabalhadores nos campos por conta da colheita prolongada. Ele explicou que as demissões foram generalizadas. Com exceção de uma região estável, todas as demais regiões consultadas pela pesquisa apuraram saldo negativo no mês.
O setor açúcar e álcool foi responsável por 22,2 mil demissões do total registrado no mês passado. A indústria de transformação, por sua vez, demitiu outros 38 mil. No acumulado do ano, a indústria sucroalcooleira fechou 584 postos de trabalho, enquanto o setor manufatureiro encerrou 35.916 vagas.
Ano da Indústria
Dos 22 setores avaliados pela pesquisa de emprego da Fiesp e do Ciesp, 12 apresentaram queda no emprego, nove anotaram alta e um ficou estável. O setor de Produtos de Metal, Exceto Máquinas e Equipamentos demitiu 9.718 funcionários em 2013.
Já o setor de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias fechou 6.779 vagas no ano, com destaque para um forte volume de demissões nos últimos três meses do ano nas montadoras.
No campo dos ganhos, a indústria de Máquinas e Equipamentos se destacou ao contratar 6.174 novos funcionários durante o ano, puxada principalmente por fabricantes de maquinários agrícolas. O segmento de Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos abriu 2.114 novas vagas em 2013.
De 36 regiões consultadas, 26 computaram queda e 10 registraram alta no quadro de funcionários durante o ano. Santa Barbara D´Oeste teve aumento de 6,6% em 2013, puxado pelo avanço do emprego nas indústrias de Produtos Alimentícios (63%) e de Produtos Têxteis (7,48%).
No âmbito das perdas, Jaú registrou queda de 9,34%, conduzida pelo declínio nos setores de Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos (-36,36%) e Artefatos de Couro e Calçados (-24,05%), com o fechamento de ao menos quatro empresas ao longo de 2013.