Queda de 0,3% no índice de emprego em agosto mostra que a indústria resolveu fazer um ajuste no quadro de funcionários.
Os dados do emprego na indústria paulista até agosto não são animadores, de acordo com a avaliação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Com uma queda de 0,3% no índice de emprego em relação a julho, com ajuste sazonal, o setor sinaliza que cansou de segurar os funcionários mesmo com uma demanda fraca.
A observação foi feita pelo diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, em nota.
"As empresas estão um pouco mais cansadas dessa espera e resolveram promover um ajuste que deve prosseguir. Houve aumento de estoques, o que significa frustração de vendas. Então, se há frustração, você resolve ajustar", afirmou Francini.
O índice do nível atividade da indústria paulista, também apurado pela Fiesp, caiu 1,6% em julho ante junho.
Francini já alertou que uma alta neste ano ainda não será capaz de recuperar a queda que o setor sofreu no ano passado.
Na comparação com julho, a indústria paulista demitiu 14,5 mil funcionários e, em relação a agosto de 2012, a queda é ainda maior, de 39,5 mil.
O oitavo mês do ano, junto com setembro e outubro, costuma ser um período positivo para o emprego na indústria.
Sinalização
Com o resultado de 2013, a sinalização não é boa para o restante do ano. "Falamos em 10 mil a 15 mil empregos gerados em 2013 depois de uma perda de 54 mil em 2012.
Mas se tivesse de fazer alguma correção seria para pior do que foi antes anunciado", afirmou.
A previsão era de alta de 0,4% na geração de emprego no setor, mas agora a Fiesp acredita que o número vai se aproximar da estabilidade.
Para o diretor do Depecon, a perspectiva de 0,4% no atual cenário "passa a ser otimista".
De janeiro a agosto, a indústria paulista criou quase 40 mil empregos, mas a instituição ressalva que pelo menos 20 mil serão devolvidos até o fim do ano pelo setor sucroalcooleiro.
Ainda que o cenário seja mais favorável para a indústria no próximo ano, o emprego no setor deve demorar pelo menos seis meses para se recuperar, aponta a Fiesp.
A taxa de câmbio próxima a R$ 2,20, de acordo com Paulo Francini, é positiva para a indústria, mas só deve surtir maiores efeitos no ano que vem.
"A partir do momento que começar a crescer a atividade da indústria, esse crescimento demora seis meses para chegar ao emprego", reforçou o diretor da Fiesp.
Por Beatriz Bulla/ O Estado de S. Paulo