Confiante numa reação sustentável do mercado de pesados a partir do ano que vem, a Ford voltou a colocar os caminhões no centro de suas estratégias de negócio. Cerca de um terço das 18 ações de lançamentos previstas pela marca para 2013 está nesse segmento, incluindo a chegada ao mercado de extra-pesados.
Steven Armstrong, presidente da montadora no Brasil, adiantou ontem (05) que, junto com o desenvolvimento dos carros de passeio, a empresa vai trazer mais novidades na linha de caminhões. Segundo o executivo, não se trata de dar um foco maior aos veículos pesados, mas sim buscar um equilíbrio entre os lançamentos de carros de passeio e caminhões.
Neste ano, as vendas de caminhões entraram em queda livre ante a desaceleração econômica e a transição na tecnologia de motor, que tornou o veículo 15% mais caro, embora menos poluente. A própria Ford adotou a semana curta - de apenas quatro dias de trabalho - durante boa parte do ano para ajustar a produção na linha de caminhões no ABC paulista.
O setor iniciou uma reação em outubro e existe a expectativa, entre analistas e fontes da indústria, de que as vendas poderão, no ano que vem, se aproximar dos níveis de 2010, quando 157,4 mil caminhões foram emplacados. Para este ano, a Fenabrave, a entidade que abriga as concessionárias de veículos, prevê emplacamentos de 139,8 mil unidades. Ontem (05), o governo agradou aos fabricantes ao manter para o ano que vem os juros reduzidos nos financiamentos de bens de capital pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES).
Para Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos da Ford na América do Sul, a necessidade de investimentos em infraestrutura, somada ao crescimento econômico, abre uma perspectiva positiva para as vendas de caminhões no longo prazo.
Durante evento com a imprensa, a direção da Ford informou que ainda aposta no crescimento das vendas de veículos em 2013, apesar das incertezas sobre como o governo vai retirar os estímulos dados para as vendas de carros neste ano.
Tendo como base um aguardado crescimento da economia e efeitos positivos da queda dos juros no consumo, as projeções da montadora apontam para um avanço de 2% a 4% do mercado automotivo em 2013, depois de uma evolução próxima a 4% deste ano.
A meta da Ford é, no mínimo, acompanhar a velocidade do mercado, contando com a maturação de seus últimos lançamentos, caso do utilitário esportivo Ecosport, da picape Ranger e do sedã de luxo Fusion.
As projeções da marca, contudo, são feitas com algumas ressalvas, levando-se em conta que o desempenho das vendas de carros dependerá muito do comportamento da economia. Durante discurso no evento, Armstrong afirmou que o mercado brasileiro é dinâmico, porém cada vez mais competitivo e com custos de produção muito altos.
Para a Ford, as vendas de veículos no Brasil têm potencial para crescer 50% nos próximos dez anos, enquanto nos Estados Unidos, seu país de origem, a evolução deverá ser de 15% a 20% no período. Apesar desse cenário positivo e da chegada ao país de marcas sofisticadas como a BMW, Armstrong descartou, pelo menos no momento, trazer para o Brasil a grife de luxo Lincoln, que está sendo relançada pelo grupo. "Não vemos a necessidade de mudar a estratégia no mercado de luxo", afirmou.
Desde 2011, a montadora conduz no país um programa de investimento da ordem de R$ 4,5 bilhões, que vai até 2015.
Por Eduardo Laguna/ Valor Econômico