A seca nos Estados Unidos fomentou a alta dos preços dos grãos e foi o ingrediente principal para o otimismo dos produtores brasileiros e a consequente procura por mais investimentos em máquinas. Esta é a avaliação do diretor comercial para o Brasil da New Holland, empresa do grupo CNH, Luiz Feijó.
Feijó cita que desde junho, quando começaram a aparecer sinais de que os americanos enfrentariam problemas na safra, as vendas no mercado brasileiro se aqueceram. Para ele, existe boa perspectiva de fechar o ano com números superiores aos de 2011. A estimativa é que as vendas de colheitadeiras devem aumentar cerca de 10% e as de tratores, 5%. Os horizontes também apontam um bom 2013 para a agricultura, excluindo obviamente os riscos climáticos. "Teremos uns dois, três anos bem favoráveis", afirma.
As indústrias de máquinas agrícolas ganharam fôlego, depois de um primeiro semestre fraco. As vendas das empresas ligadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) aumentaram 5,1% ante julho, para 6,55 mil unidades.
A expectativa agora é que a comercialização interna possa fechar o ano até com leve crescimento em relação a 2011, segundo Milton Rego, vice-presidente da Anfavea, principalmente depois que foi anunciada, na semana retrasada, a redução dos juros do PSI (Programa de Sustentação do Investimento do BNDES), de 5,5% para 2,5%.
A americana AGCO projeta, por enquanto, vendas estáveis em relação a 2011, considerado o segundo melhor ano para a companhia, depois de 2010. A empresa considera que ainda é cedo para avaliar como será a comercialização diante dos juros menores do PSI. André Carioba, vice-presidente sênior da AGCO para o Mercosul, afirma que a concorrência entre as empresas está acirrada. Com muitas máquinas nas revendas, existe uma pressão sobre os preços.
Em 2012, o faturamento da AGCO no Brasil deve crescer diante do mix de produtos de maior valor agregado, como os produtos equipados com agricultura de precisão. No primeiro semestre, a receita da companhia para a América do Sul (Brasil e Argentina) somou quase R$ 1,78 bilhão, aumento de 19,1% sobre os R$ 1,45 bilhão na primeira metade de 2011.
A múlti também não observa queda brusca nas vendas em países como Estados Unidos, que sofrem com a seca, segundo Carioba, que esteve recentemente no país, na matriz da empresa. A Europa também não apresenta sinais de que o comércio de máquinas esteja piorando.
A expectativa é que o desempenho americano seja positivo neste ano. De acordo com o executivo, o produtor local já está pensando na próxima safra e quer se preparar melhor com investimentos em máquinas, que permitam recuperar o que foi perdido e melhorar a produtividade.
As vendas na América do Norte no primeiro semestre cresceram cerca de 35% ante o mesmo período de 2011. O resultado global da companhia deve ficar pelo menos estável em relação ao ano passado, pois os problemas apresentados em algumas regiões são contrabalançados pela expansão das vendas nos mercados asiático e africano, segundo Carioba.
Por Carine Ferreira/ Valor Econômico