Avança a mecanização da colheita no Brasil

De acordo com estimativas, em áreas planas brasileiras, 50% das colheitas já são mecanizadas

Não há dados precisos sobre mecanização na cafeicultura brasileira, mas estimativas de pesquisadores apontam que em áreas planas, como no cerrado mineiro ou no sul da Bahia, mais de 50% das colheitas sejam mecanizadas.

Fábio Moreira da Silva, pesquisador da Universidade Federal de Lavras (MG), acredita que no sul de Minas o percentual tenha alcançado 30%, tomando por base a área com a cultura e o potencial de uso de máquinas obtidos em um estudo de 2006. Cerca de 80% da área total cultivada na região - 500 mil hectares - estão aptas a receber tratores e 70% delas, em média, são adequadas para as colheitadeiras.
 
Nas áreas montanhosas, a mecanização torna-se limitada ao uso de derriçadoras portáteis, que fazem o serviço de três a cinco apanhadores de café, de acordo com o professor da Universidade Federal de Viçosa (MG), Daniel Marçal de Queiroz. Mesmo assim, ele afirma que cada vez mais produtores estão utilizando o equipamento em virtude da falta de mão de obra.
 
Apesar da escassez de estatísticas, não faltam esforços para pesquisas nesse setor. Um dos estudos mais recentes do Consórcio do Café, formado por várias instituições, trata do desenvolvimento da mecanização para a colheita do robusta, também conhecido como conilon. A espécie tem uma estrutura com muitas hastes, ao contrário do arábica, dificultando o uso de máquinas. Por isso, o foco do consórcio é a criação de equipamentos adequados e a seleção de plantas com potencial de mecanização, como maturação uniforme e facilidade do fruto se desprender da planta.
 
O estudo está a cargo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que há alguns anos realiza experimentos em parceria com produtores, cooperativas e empresas de máquinas. Os resultados preliminares apontam que o volume colhido é quase dez vezes superior ao feito por um trabalhador, segundo o pesquisador José Antônio Lani. Ele afirma que em uma das formas de colheita mecanizada é possível alcançar cerca de 100 sacas por dia, enquanto um apanhador atinge a marca de oito a dez sacas. "Mas estamos muito no início, é preciso fazer ajustes", reconhece.
 
Lani reforça que a falta de mão de obra para o setor é crítica. Segundo ele, produtores estão retirando o café verde temendo ficar sem mão de obra para a colheita quando o grão estiver maduro.
 
No próximo mês tem início experimentos no norte do Espírito Santo para testar algumas formas de mecanização: com a colheitadeira automotriz, que realiza o processo por completo; com a recolhedeira, que após a retirada dos galhos mais baixos com frutos, faz e recolhe a separação dos grãos; e o processo em que todos os galhos das plantas são retirados. Nesse caso é preciso fazer escalonamento de produção, pois a colheita é feita a cada dois anos. Os primeiros resultados devem sair em um prazo de quatro anos.
 

Tópicos: