Produção industrial fecha 2011 em queda

O recuo na demanda por produtos nacionais e a concorrência de produtos chineses fizeram a indústria fechar 2011 com queda na atividade, na produção, no nível de emprego e acúmulo de estoques, revela a Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira, 24 de janeiro. Os indicadores da Sondagem Industrial variam de zero a cem. Valores acima de 50 indicam aumento na atividade, do emprego e acúmulo de estoques indesejados.

De acordo com o levantamento, o uso da capacidade instalada (UCI) comum para os meses de dezembro registrou 42,6 pontos, o menor valor desde junho de 2009. Ao contrário do que deveria ocorrer, o recuo da UCI não foi suficiente, contudo, para reduzir o excesso de estoques. O indicador de estoque efetivo em relação ao planejado atingiu 53 pontos no mês passado.

A produção e o emprego na indústria também fecharam 2011 em declínio. O indicador de evolução da produção registrou 42,1 pontos, permanecendo abaixo da linha divisória dos 50 pontos desde setembro último. O índice do número de empregados, que assinalou 46,7 pontos no mês passado, está abaixo dos 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo e é o menor indicador desde o início da série mensal, em janeiro de 2010.

O gerente-executivo da Unidade de Pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, explicou que o mercado doméstico foi movido sobretudo pela procura de produtos e insumos importados, enquanto a demanda por produtos nacionais se reduziu no ano passado. Somam-se a esse fator, assinalou, a crise econômica nos países da União Europeia e o consequente estreitamento do mercado internacional, que acirraram a concorrência, interna e externamente, dos produtos da China. “O ano de 2011 foi realmente muito ruim para a indústria brasileira”, completou.

Gargalos
A elevada carga tributária e a competição acirrada continuam entre os principais gargalos apontados pelas empresas no quarto trimestre do ano passado. Já o arrefecimento na demanda, que era o sexto principal problema indicado pelos empresários no fim de 2010, passou para a quarta colocação no último trimestre de 2011.

A situação financeira das empresas também piorou no último trimestre de 2011 na comparação com o mesmo período de 2010. A insatisfação dos empresários com a margem de lucro registrou 46,4 pontos no quarto trimestre do ano passado, ficando 2,8 pontos inferior ao assinalado em igual trimestre de 2010.

Já o índice de satisfação com a situação financeira marcou 50,5 pontos no fim do ano passado, assinalando 4,2 pontos abaixo do registrado no mesmo período de 2010. Em relação à dificuldade de acesso ao crédito, que atingiu 44,6 pontos no último trimestre de 2011, o indicador ficou 2,5 pontos abaixo do registrado em igual trimestre de 2010.

Expectativas
Apesar da queda na atividade e do agravamento da situação financeira em 2011, os empresários começam 2012 otimistas em relação à demanda e a compras de matérias-primas para os próximos seis meses. Essa confiança, no entanto, é menor do que a registrada em janeiro do ano passado. O indicador de expectativas de demanda atingiu 56,1 pontos no mês em curso, ficando dois pontos abaixo do registrado em janeiro de 2011. Já em relação a compras de matérias-primas, o índice assinalou 53,7 pontos este mês, 3,1 pontos inferior a janeiro do ano passado.

As exportações e o número de empregos na indústria para os próximos seis meses devem ficar estáveis, pois os indicadores ficaram próximos da linha dos 50 pontos. As perspectivas para quantidade exportada atingiram 50,8 pontos e para o número de empregados assinalaram 50,3 pontos este mês.

A Sondagem Industrial de dezembro foi feita entre 2 e 18 de janeiro com 1.797 empresas, das quais 961 de pequeno porte, 583 médias e 253 grandes.