Energia para indústria é a 4ª mais cara do mundo

A indústria brasileira paga a quarta conta de energia mais cara do mundo, o que afeta a sua competitividade. A tarifa de consumo industrial, de R$ 329 por MWh na média nacional, fica atrás apenas de Itália, Turquia e República Tcheca, segundo estudo inédito da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

A tarifa média dos 27 países que participaram do levantamento foi calculada em R$ 215,50 por MWh. O preço brasileiro, portanto, é 53% superior à média mundial. Considerando a média dos Brics [R$ 140,70 o MWh], a tarifa brasileira é 134% maior. A indústria nacional também paga 131% a mais do que a média de seus principais parceiros comerciais [EUA, Argentina, China e Alemanha], de R$ 142,20 o MWh. "Sob qualquer ótica, estamos muito acima do razoável em termos de competitividade", afirma Cristiano Prado, gerente de competitividade e investimentos da Firjan.

O trabalho reforça o alto peso de encargos e impostos sobre o custo total -eles representam 48,6% da tarifa. Mas os custos de geração, transmissão e distribuição, o chamado GTD, também têm forte influência no total. Segundo o estudo, só o custo de GTD no Brasil, de R$ 165,50 por MWh, supera a tarifa de competidores como China e Argentina, apesar da vantagem hídrica brasileira.

Caro na partida
O alto valor do GTD esquenta o debate sobre a renovação das concessões do setor elétrico que começam a vencer em 2015. A indústria, liderada pela Fiesp, defende novas licitações, apostando em preços mais baixos após novos leilões. "A tendência natural é o preço despencar", diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
Segundo ele, será possível reduzir a tarifa de R$ 90 o MWh [média cobrada hoje pela geração nas usinas com renovação prestes a vencer] para R$ 20 o MWh, pois os investimentos na construção dos empreendimentos já foram amortizados e restarão apenas custos operacionais.

"O impacto será grande, pois 30% da geração, 40% da distribuição e 80% da transmissão devem vencer a partir de 2015", afirma. A Fiesp entrou com representação no TCU (Tribunal de Contas da União) solicitando intervenção para que sejam tomadas providências para a realização de novos leilões.

"Se o GTD não cair 35%, estaremos fora do jogo da competitividade industrial", diz Prado, da Fierj. A possibilidade de nova licitação é descartada pelas empresas de energia. "O processo tende a ser de renovação com onerosidade", diz o presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica), José Simões Neto. A Abradee (associação de distribuidores) diz que os novos leilões não teriam impacto nas tarifas de distribuição, já revistas a cada cinco anos.


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