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As operações sindicalizadas tendem a ganhar força entre os agentes financeiros do Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo para a indústria naval e "offshore" no país. A parceria entre os bancos permite reduzir a exposição ao risco em grandes projetos, como a construção de novos estaleiros. Só o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e a Caixa têm, juntos, 16 projetos em análise que somam cerca de R$ 9 bilhões em financiamentos para o setor.
Este mês a Caixa vai contratar a primeira operação como agente financeiro do fundo. É um financiamento de R$ 390 milhões para a construção de navios utilizados no transporte de derivados de petróleo. O nome da empresa que vai contratar o empréstimo foi mantido em sigilo. Esse e outros nove projetos para o setor, que estão em fase final de avaliação na Caixa, somam R$ 5 bilhões, conta Eugenia Regina de Melo, superintendente regional da área de petróleo e gás da instituição.
Neste mês, completa-se um ano desde que uma resolução deu à Caixa a possibilidade de atuar como agente financeiro do fundo. No total, o banco está avaliando 23 projetos, 9 deles em fase adiantada. O banco federal montou área específica, incluindo a criação de superintendência no Rio para avaliar projetos de óleo e gás.
A estrutura permite concentrar esforços para fazer a análise em até 180 dias. Uma resolução do Ministério dos Transportes, a quem o fundo está ligado, prevê que a prioridade de financiamento tem de ser contratada em até um ano. Na última reunião do conselho diretor do fundo, em maio, foram aprovados R$ 8,7 bilhões em prioridades. A prioridade é o primeiro passo para uma empresa buscar financiamento junto aos agentes financeiros do fundo. "Queremos ser o banco da indústria naval brasileira", diz Eugenia.
Após um ano de operação como agente do fundo, o objetivo da Caixa, para o segundo ano, é repetir os valores de financiamento hoje em análise no banco. A executiva diz ver o BNDES como parceiro nessas operações e afirmou que hoje já há operações sendo sindicalizadas entre os agentes do fundo.
Roberta Ramos, gerente do departamento de gás e petróleo do BNDES, afirma que o banco já fez uma operação sindicalizada com o Banco do Brasil, outro agente do fundo. O financiamento foi para a construção de navios de apoio offshore.
"Vemos com bons olhos as operações sindicalizadas", disse Roberta. Segundo ela, o BNDES tem 7 ou 8 projetos para o setor em análise, os quais somam financiamentos de cerca de R$ 4 bilhões. Ela acredita, porém, que pode haver projetos sobrepostos entre o BNDES e a Caixa. Isso significa que empresas interessadas no financiamento do fundo podem ter apresentado o mesmo projeto às duas instituições financeiras.
Entre as empresas do setor, a concorrência entre os agentes do fundo é bem vista pois pode contribuir para a redução do custo final dos financiamentos. O custo médio de um financiamento do fundo fica em 9,5% ao ano se o indexador for a TJLP (6% ao ano) mais o spread do agente, de 3,5%. Mas há ainda a possibilidade de contratar o empréstimo atrelado à variação do dólar, opção que pode servir a empresas cujas receitas também são em moeda americana.
Roberta prevê que, em 2011, o BNDES deve aprovar um número menor de operações do que no ano passado, mas, em 2012, deverá haver uma recuperação. O nível menor de aprovações este ano se relaciona ao fato de que, em 2010, o conselho diretor do FMM não se reuniu para aprovar novas prioridades de financiamento. Em 2010, o BNDES aprovou R$ 9,7 bilhões em financiamentos para o setor e liberou R$ 2,55 bilhões.
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