Mercado no setor do petróleo em alta

Os negócios para os fornecedores da Petrobras no Grande ABC tendem crescer até 80% neste ano em relação ao faturamento obtido no ano passado. O cenário se mostra favorável para as empresas do segmento, entre outros fatores, em consequência da exploração do pré-sal e dos planos da estatal de ampliar as compras de navios e plataformas, dando preferência ao conteúdo nacional. Só neste ano, a gigante do petróleo faz investimentos que somam US$ 93 bilhões.

Uma das companhia que atuam nesse mercado, a Tomé Engenharia, de São Bernardo, tem contratos em regime de EPC (termo em inglês para engenharia, suprimento e construção) para obras da área de tancagem da Refinaria Abreu e Lima (de Recife), orçada em R$ 800 milhões, e unidade da refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, avaliada em R$ 1,5 bilhão. E atua na área de plataformas marítimas, com a montagem de módulos para essas instalações. A empresa participará de concorrências, no segundo semestre, para essa atividade.O presidente da companhia, Carlos Alberto de Oliveira, prevê crescimento até 15% a 20% nas vendas, que saltarão, dessa forma, para cerca de R$ 600 milhões neste ano.

Ritmo de expansão semelhante é esperado pela Uniforja. A empresa, fabricante de peças em aço forjado localizada em Diadema, fornece conexões para a Petrobras. Os itens são utilizados para exploração de petróleo em mar aberto e também em refinarias. Segundo o presidente, João Luiz Trofino, o segmento de óleo e gás corresponde a 15% de seu faturamento, que deve alcançar R$ 170 milhões em 2011.

Válvulas
O mercado também se mostra propício para a Valtek, fabricante de válvulas de controle de alta pressão para o segmento de óleo e gás. O diretor geral, Jorge Iazigi, cita que, mesmo com o câmbio desvantajoso, carga tributária elevada, e mão de obra e matéria prima mais caras que as da China, tem sido possível ganhar contratos. "Temos muita tecnologia, esse é um diferencial", afirma.
A Valtek, que também fica em Diadema, forneceu válvulas para a Recap (Refinaria de Capuava) e para a Refinaria do Paraná no ano passado. Depois de expressivos 40% de expansão nas vendas em 2010, Iazigi prevê, para este ano, crescimento mais modesto, na casa dos 10%. Ele assinala que foi feito investimento de R$ 4 milhões em novas instalações (mais 1.200 m² de área construída, com os quais passou a ter 5.000 m²), para consolidar o crescimento da companhia.

Caneta digital
Outra fornecedora da Petrobras localizada na região, a Gteq, de São Caetano, projeta alta de 80% nas vendas neste ano. "Existe demanda reprimida, nos últimos dois anos, que agora está reagindo", afirma o presidente, Ronicarlos Pereira.
Sua empresa desenvolveu caneta digital esferográfica que converte escrita a mão em caracteres e escaneia os dados. A tecnologia é uma das ferramentas que têm ajudado a companhia a vencer concorrências em serviços de inspeção para a estatal do petróleo. Fechou recentemente contratos para o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e para a Refinaria Abreu e Lima.

Programa do governo federal já formou 78 mil para o segmento
Para atenuar a falta de mão de obra qualificada e ajudar as pequenas empresas a se adequarem para fornecer para a Petrobras, o governo federal estruturou em 2006 o Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo. Até o fim de 2010, os cursos do Prominp formaram 78 mil pessoas em atividades voltadas para o setor de petróleo e gás. A meta é, até 2015, investir mais R$ 557 milhões na qualificação de contingente de 212 mil pessoas. No segmento, a necessidade de mão de obra qualificada é crescente. A Tomé Engenharia, por exemplo, apenas para obras da refinaria de Cubatão, prevê a contratação de 1.000 temporários.

Outro problema no ramo é a dificuldade das pequenas indústrias em fornecer para a estatal. Para ampliar essa participação, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC está em conversas com o governo federal e o Sebrae para construir projeto de capacitação de empresas. Atualmente, há na região apenas 140 companhias no cadastro da Petrobras.


Tópicos: