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Em busca de novos mercados, fabricantes europeus de máquinas e equipamentos, que tentam se recuperar da crise que atinge a região, estão intensificando a exportação de bens para o Brasil, atrapalhando a produção da indústria nacional e conduzindo o setor a um processo ainda mais avançado de desindustrialização, segundo avaliação do presidente da associação que representa as empresas nacionais, Abimaq, Luiz Aubert Neto.
“Se pegar 2004, de 100 máquinas vendidas no Brasil, 60 eram fabricadas aqui. Hoje são só 40. Nós tínhamos um ‘market share’ em 2004 de 60%, hoje só temos 40%, com um agravante. Desses 40% que nós estamos fabricando ainda hoje, quase metade dos componentes é importada”, disse Aubert Neto, durante a 18ª edição da Agrishow, maior feira agrícola do país, realizada nesta semana em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Além da desvalorização cambial e das altas taxas de juros do país, a indústria ainda conta com a chegada de países como Alemanha e Itália que começam a fazer companhia à China - acusada de praticar concorrência desleal com a indústria nacional - oferecem condições atraentes para que seus produtos sejam importados. “Todo esse pessoal que está parado lá fora está procurando mercados. Então, eles estão vindo muito agressivamente para cá, com descontos, linhas de financiamento de longo prazo. O pessoal quer transferir a ociosidade que eles estão tendo lá na Europa e nos Estados Unidos para países emergentes, e nosso país é um deles”, afirmou.
Nos últimos dez anos, a China, de acordo com a Abimaq, aparecia entre os dez maiores fornecedores fora do Brasil. Hoje, é o segundo país em termos de valores . “Em termos de quantidade, já passou os Estados Unidos faz tempo. Quando eu paro de fabricar e começo a importar, para eu voltar a fabricar, demora muito. É muito mais fácil eu trazer a coisa pronta do que fazer interna. Então, você criar uma indústria, demora, mas você destruir, é rápido”, disse o presidente da entidade, que prevê um déficit recorde de US$ 17 bilhões do setor neste ano.
Quanto ao faturamento, os números se mantêm. A maior proporção, no entanto, não vem da produção nacional. “Em termos de faturamento, eu estou faturando, mas estou parando minhas máquinas, não estou produzindo mais. Esses números são claros. Nosso faturamento está somente 2% a 3% abaixo de 2008, antes da crise. Então, nós recuperamos a crise em termos de faturamento, em 2011, no primeiro trimestre. Só que em 2008, antes da crise, nós estávamos com uma capacidade instalada de 85%. Hoje, com o mesmo faturamento do ano passado, minha capacidade instalada tá 80%, quase igual ao período da crise.”
Rodada de negócios
Para estimular o caminho inverso das trocas comerciais, a Abimaq e a agência brasileira de incentivo à exportação, Apex, organizaram uma rodada de negócios entre empresas brasileiras interessadas em vender e estrangeiras buscando novos fornecedores durante a Agrishow.
Martin Hepp, diretor de exportação da Industrial Pagé, fabricante de silos de Santa Catarina, participou da rodada de negócios durante a feira agrícola e se diz satisfeito com os “primeiros contatos exóticos” que fez: Rússia e Namíbia. “A comunicação foi franca. Há possibilidade de negócios. Os países são pequenos, mas podem vir a ser interessantes”, disse o diretor. Ao reconhecer a dificuldade em manter o setor produtivo, Hepp disse que esse tipo de encontro, onde os próprios interessados vêm ao país, contribuem para a redução e custos que o setor tem para divulgar seus produtos e buscar novos parceiros. “Já temos dificuldades demais com o dólar baixo e com a carga tributária de hoje”, disse o diretor, cuja empresa vende para Mercosul, Estados Unidos e alguns países da África.
Segundo balanço da Abimaq, a 12ª rodada internacional de negócios propiciou a realização de 12 parcerias e viabilizou mais de 91 parcerias para distribuição de máquinas e equipamentos brasileiros no exterior. Essas parcerias compreendem importações diretas, revendas, representações, acordos para importação e distribuição no exterior.
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