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Uma mudança aparentemente simples, mas que reduziu o tempo de soldagem de 10 para três horas por metro quadrado. Um projeto da empresa de energia Tractebel em conjunto com o Laboratório de soldagem (LabSolda) da Universidade Federal de Santa Catarina, iniciado em 2009, está encarregado de aumentar a vida útil dos tubos das caldeiras da termoelétrica Jorge Lacerda.
A empresa procurou o LabSolda depois de verificar que os problemas com a corrosão em uma das tubulações das caldeiras havia se tornado um problema crônico e outras logo terão o mesmo problema de uma corrosão média de 0,4 milímetros por ano. De acordo com o gerente de projetos da Tractebel, Luiz Felippe, foram feitos testes com métodos de termospray, que ainda está em experimento, mas já foi considerado muito caro. Outro método investigado pelos engenheiros da Tractebel, e muito utilizado nos Estados Unidos é o Weld Overlay, que foi apresentado aos pesquisadores do LabSolda que passaram a desenvolver o processo.
A ideia inicial era realizar o trabalho no local, sem substituir a tubulação. Os experimentos mostraram que o tempo de solda era muito elevado e provocado por uma força bem conhecida de todos: a gravidade. "Quando soldamos na vertical o metal já escorre para baixo, facilitando o trabalho que irá cobrir todo o tubo", explica o coordenador do Laboratório e do projeto, o professor Jair Dutra. Apenas uma das caldeiras tem a tubulação na vertical, mas esta é responsável por 40% da geração de energia e a que registra a maior taxa de corrosão.
Agora a tubulação com problemas será substituída por tubos novos, com aço comum e revestida com aço inox 309 e 316. De acordo com o professor Jair Dutra, só com este revestimento de um milímetro, a vida útil do encanamento deve passar de dois para 15 anos. A previsão do engenheiro da Tractebel é menos otimista, ele acredita que se conseguirem atingir até 10 anos será um bom resultado. A soldagem só vai ser feita nas paredes que são mais afetadas, o que significa cerca de 160 tubos por caldeira. A Tractebel já realizava soldagens simples, de forma manual, com o sistema Mig/Mag. Com a parceria do LabSolda, o processo se tornará automatizado.
Uma mudança importante no novo equipamento será a instalação de dois eixos de movimentação na horizontal, o que irá permitir a movimentação lateral do equipamento. Antes havia apenas um rolamento na vertical o que forçava a reinstalação a cada novo tubo que necessitasse de soldagem. O coordenador geral do projeto explica que os testes com o equipamento de solda Tartílope V4 com quatro graus de mobilidade desenvolvidos no laboratório mostraram algumas deficiências nesse projeto em específico.
A descoberta motivou o envio de uma nova proposta para um projeto para soldagem na horizontal de mais três anos da parceria do Labsolda com a Tractebel, que ainda está sob avaliação. Os recursos, assim como o projeto atual, são do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional Energia Elétrica (ANEEL) e Tractebel. O projeto é objeto de pesquisa do doutorando Renon Carvalho. Ele conta que a pesquisa deu um salto nos últimos seis meses. Com a mudança da posição de soldagem foi possível reduzir de três para um milímetro de espessura da solda, algo que trará uma economia considerável para a empresa. Os testes na caldeira são realizados anualmente e o próximo está marcado para janeiro de 2012.
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