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Dois dos três ícones alemães do mercado de luxo já tentaram produzir automóveis no Brasil - Mercedes-Benz e Audi. Mas as perspectivas de crescimento de vendas em toda a América do Sul animam agora a BMW a fazer o mesmo. Ao divulgar os resultados financeiros do grupo ontem, em Munique, o presidente mundial da marca, Norbert Reithofer, revelou que a companhia considera a possibilidade de ter uma fábrica na América do Sul.
A declaração do executivo rompe a ideia de que o Brasil não pode ter fábricas de carros de luxo. Um conceito que se formou a partir dos fracassos dos projetos Audi e Mercedes, que investiram no país em meados da década de 90. A Audi acabou deixando a parceira Volkswagen sozinha na fábrica que as duas marcas compartilhavam em São José dos Pinhais (PR). A Mercedes está agora reformando a antiga fábrica de automóveis em Juiz de Fora (MG) para transformá-la numa linha de caminhões.
Embora a decisão final de produzir numa região onde os volumes de vendas de carros luxuosos são baixos ainda não tenha sido tomada, segundo Reithofer, é prática da montadora fazer com que "a produção siga os mercados".
O executivo não falou especificamente Brasil, e sim América do Sul quando se referiu a planos de uma nova fábrica. Mas, segundo pessoas próximas à empresa, é natural a opção por instalar a atividade industrial no maior mercado da região, como fazem os demais fabricantes de veículos.
Os números recentes na América do Sul e Caribe, para onde eventual produção em solo brasileiro seria escoada, animam a direção da montadora alemã. Somente no mercado brasileiro, em 2010 as vendas cresceram 52% para a marca BMW e a 68% no caso do Mini, compacto de luxo do grupo.
Nessas regiões foram vendidos, no ano passado, 22,2 mil veículos das duas marcas. Somente da marca BMW foram mais de 18 mil unidades. Desse total, o mercado brasileiro absorveu 8,1 mil veículos BMW e 1,7 mil Mini. Há pouco tempo, o presidente da filial brasileira, Henning Dornbusch, falou sobre o plano de ampliar a rede de revendas do Mini no país em razão do aumento de demanda.
Mesmo que daqui para a frente o grupo não repita na região índices de crescimento tão expressivos como o do último exercício, como é de se esperar, será ainda fácil chegar a um total anual próximo de 50 mil unidades em poucos anos, um volume considerável para qualquer empresa que produz carros de preços altos começar a pensar numa linha de produção.
A BMW possui, desde dezembro de 2009, uma fábrica que monta motos da marca na Zona Franca de Manaus. Trata-se da primeira fora da Europa. Já no segmento de automóveis, a companhia conta com produção em 13 países, incluindo Estados Unidos e China. Em 2010, o grupo vendeu 1,46 milhão de automóveis e 110 mil motos em todo o mundo.
O crescimento de vendas em países emergentes, como China, ajudaram o grupo a alcançar receita recorde de € 60,4 bilhões, 19,3% acima de 2010. O lucro antes dos impostos (EBIT) subiu para € 4,8 bilhões.
A direção da BMW também baseia os planos de investir no Brasil em dados reconhecidos pela própria indústria da Alemanha, dando conta de que o mercado brasileiro de veículos leves ultrapassou o alemão em 2010, num total de 3,3 milhões de unidades.
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