Situação cambial deverá permanecer igual

Apesar da ênfase dada pelo presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, na importância para o novo governo em controlar a supervalorização do real, a expectativa é que a moeda brasileira continue com força frente ao dólar durante este ano. Com um câmbio tão valorizado que não agrada nem mesmo a Associação Brasileira dos Importadores de máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), nenhuma das ações realizadas até agora faz acreditar em uma mudança no caminho que o dólar está seguindo.

Em 2010, foram US$ 2,2 bilhões movimentados pelo setor de máquinas e equipamentos importados, o que superou em mais de 40% o valor comercializado em 2009. No entanto, segundo a Abimei, este valor ficou abaixo do esperado. A meta era recuperar pelo menos 75% dos negócios realizados em 2008, e para isso, o valor precisaria ter chegado em US$ 2,6 bilhões. E um dos acusados por este resultado é o câmbo. Com o dólar a menos de R$ 2, os negócios não ficam bons nem para a indústria brasileira, que não consegue competir com os importados, nem para os importadores de máquinas e equipamentos, que não consegue importar máquinas e equipamentos industriais, pois o consumidor prefere trazer para o Brasil o produto já finalizado.

Para Ennio Crispino, presidente da Abimei, um valor significativo, bom tanto para a indústria brasileira quanto para o setor de importações, seria que o dólar permanecesse um pouco acima de R$ 2. Helio Sesso, diretor da Korloy do Brasil, importadora de máquinas-ferramenta, concorda com Crispino. "A moeda valorizada traz muita instabilidade para o setor produtivo voltado para a exportação e consequente redução dos investimentos no setor, atingindo de forma secundaria as nossas atividades. Acreditamos que um câmbio justo e estável seja o melhor caminho para sustentabilidade dos setores produtivos e para os investimentos, ou seja, algo em torno de R$ 2 o dólar".

Aubert Neto faz questão de lembrar que controlar a supervaloriazação da moeda brasileira deve ser prioridade na atuação do novo governo da presidente Dilma Roussef. Em informativo oficial da Abimaq, explicou que “a desoneração total dos investimentos, a redução da taxa Selic e, principalmente, a desvalorização do real frente ao dólar, precisam ser as prioridades no primeiro semestre do governo Dilma”.

No entanto, as medidas tomadas até agora para controlar a valorização do real não conseguem reverter a atual situação do câmbio, apenas reduzem o ritmo da valorização da moeda brasileira. A aquisição pelo Banco Central (BC) de reservas em dólares é a principal dessas medidas. Só em 2010 o BC comprou mais US$ 41 bilhões, acumulando, nas reservas, US$ 288 bilhões. Só em janeiro deste ano, já foi adquirido pelo BC mais de US$ 14 bilhões. Outra ação do governo, no ano passado, foi a reinstituição do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).

Mas a dificuldade dos países desenvolvidos em se recuperar da crise mundial é outro fator que dificulta a recuperação da indústria brasileira. Com os ricos em crise, aumenta a concorrência nos países emergentes, que conseguiram lidar com a crise mundial com mais facilidade.

Como o Brasil deve continuar atrativo, o investimento estrangeiro no país continuará a crescer em 2011 - o investimento estrangeiro direto foi de US$ 48 bilhões em 2010. E como a estratégia de comprar dólares para evitar uma maior desvalorização da moeda norte-america deve continuar em vigor durante este ano, não há perspectiva de grandes mudanças no cenário cambial brasileiro. 


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