Imagem: Divulgação
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) juntamente com o Sebrae e o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) anunciaram ontem um programa que prevê aportes superiores a R$ 100 milhões para fomentar projetos de pesquisa e desenvolvimento, principalmente na área de tecnologia, voltado para pequenas e médias empresas.
"Para o Brasil crescer em média de 5% a 6% ao ano, o caminho precisa passar por uma política industrial focada, sobretudo, na ampliação da capacidade de inovação tecnológica das empresas brasileiras. Posto isso em prática, o resultado será o aumento da competitividade da indústria tanto no mercado doméstico quanto internacional", afirmou o vice-presidente da CNI, Robson Braga Andrade.
"Temos uma defasagem de produtividade muito grande entre as pequenas e grandes empresas e isso afeta a produtividade média da indústria brasileira", ressaltou o diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto Santos. "Além disso, há uma ideia, principalmente entre as pequenas empresas, de que inovação é algo muito sofisticado. Com esse programa queremos mobilizar a criação de projetos de inovação. As grandes já dão importância a isso, queremos que as pequenas também tenham esse amadurecimento", acrescentou Andrade. Segundo Santos, 98% das empresas no País são micro e pequenas. O programa é desenvolvido por meio de um convênio entre CNI e Sebrae, que deve ser lançado ainda nesta semana, e por um edital entre a Confederação e o MCT, a ser assinado por ambos os órgãos na próxima semana. Os recursos deverão atender 20 estados, onde serão instalados núcleos nas federações industriais. Ambos os acordos deverão possibilitar investimentos em um universo de 18 mil empresas, a fim de sensibilizá-las sobre a importância da inovação.
Segundo Santos, a intenção do programa é criar, no curto prazo, cerca de 2,4 mil projetos concretos. "Ambas as ações deverão beneficiar 1.600 empresas inicialmente", disse o secretário executivo do MCT, Luís Elias.
Dentro do convênio firmado entre CNI e Sebrae, o aporte destinado será de R$ 48,6 milhões (recurso proveniente igualmente entre ambos os órgãos), cuja finalidade é de capacitar os gestores e induzir empresários a criar projetos de ações visando à inovação, além de servir como consultoria para buscar meios de financiamentos, como no caso do BNDES. Somando-se a isso, o ministério destinará entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que servirão de apoio para a gestão dos projetos.
Segundo os representantes, os empresários interessados devem procurar um dos 20 núcleos das federações, que passam a operar imediatamente após o lançamento do programa, que deve ser na próxima semana.
De acordo com estudo da CNI entregue em maio para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a indústria brasileira representa um quarto da economia brasileira, isto é, responde por 22% do PIB. Por outro lado, o Brasil investe 1% do PIB em pesquisa em desenvolvimento, sendo metade dos recursos advindo do setor privado e a outra parte do setor público. Em média, a participação do setor privado em países mais desenvolvidos e ricos é três vezes superior ao patamar brasileiro. "Inovação deve ser um dos pontos principais da agenda para a próxima década", aponta Elias.
Financiamentos
Apesar de elogiar a atuação do BNDES na elaboração e gestão da política de desenvolvimento do País, o presidente da CNI comentou que o banco não pode ser o único meio de obtenção de crédito se o Brasil crescer até 6% ao ano. "Se consideramos que o BNDES liberou a somatória de R$ 200 bilhões para investimentos no País e para avançarmos 6%, são necessários investimentos de R$ 600 bilhões, precisamos buscar outras fontes de crédito", aconselha Andrade.
Ele disse acreditar, ainda, que a indústria brasileira cresça a 9% em 2010 e de 5% a 6% em 2011.
Juros
O vice-presidente do CNI afirmou, após encerrar a reunião com o Sebrae, BNDES e MCT, que não há motivos para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decida elevar a taxa básica de juros (Selic). A taxa está a 10,25% ao ano.
"Nossa perspectiva é diferente do BC. Não há risco de inflação. No segundo trimestre já vemos uma retomada dos preços a um patamar adequado, por isso, devemos atingir a meta deste ano [4,5%] sem nenhuma dificuldade", acredita. "A capacidade instalada da indústria está entre 82% e 85%, só que há muito ganhos de produtividade que melhoram a automação e a forma das empresas elevarem sua produtividade, fazendo com que os preços fiquem em um patamar adequado", acrescentou Andrade.
Na opinião dele, o juro real ideal seria ao nível de 3,5% e a taxa Selic à 8% ao ano. "Mas a taxa Selic está em 10,25%, o que mostra um contrassenso do BC."
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