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Rony Stefano, diretor da Arcelor Mittal: "Aqui já estamos comprando a ações dos minoritários, e não é pouca coisa"
O grupo Arcelor Mittal, que vai desembolsar mais de US$ 5 bilhões para adquirir ações dos minoritários da sua controlada Arcelor Brasil e fechar o capital da empresa, pretende continuar investindo no país, mas, Rony Stefano, gerente de relações com investidores para as Américas da gigante do aço, disse ao Valor que, na nova realidade do grupo que cresceu muito após a fusão, o Brasil vai ter que competir com a Ásia e o Leste Europeu, hoje prioridade dos investimentos da multinacional, que pretende ampliar sua participação nestes mercados.
Stefano, que desembarcou ontem no Rio para visitar minoritários importantes da Arcelor Brasil, como Previ e BNDES, estará hoje cedo na Bovespa para explicar às corretoras as razões do pedido de cancelamento do registro de companhia aberta da Arcelor Brasil na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à tarde vai se encontrar com investidores e jornalistas para falar sobre a oferta pública de ações (OPA).
Ele adiantou que a Arcelor Mittal deverá apresentar, após a OPA, um programa de investimento nas empresas locais. A idéia é ampliar a oferta de aços longos, mas ele não quis detalhar estes planos.
"Na época da Arcelor (antes da fusão com a Mittal), o Brasil competia apenas com a Europa. Agora, compete com a Ásia e o Leste Europeu. Temos projetos no Brasil que dá 20% de retorno e na Ásia, 25%, o que acaba privilegiando a Ásia", disse Stefano. Por outro lado, o executivo ressaltou que com a fusão a Arcelor Mittal tem mais recursos disponíveis para investir. As projeções da melíder mundial, que divulga seu balanço do trimestre na próxima quarta-feira, dia 16, é de alcançar este ano uma geração de caixa medida pelo Lajida acima dos US$ 15 bilhões de 2006. O Lajida previsto para o período janeiro a março último é de US$ 4 a US$ 4,2 bilhões, o que projeta uma geração de caixa para 2007 na faixa de US$ 16 bilhões.
Com estes recursos, a multinacional pretende prosseguir seu movimento de consolidação de ativos de aço e mineração. Também está investindo forte em distribuição. "Vamos deixar de usar as tradings e investir na nossa própria distribuição, sem fazer aquisições nesta área, já que os múltiplos são superiores aos da siderurgia", informou Stefano. A companhia pretende elevar a distribuição de aço na Europa dos 14 milhões de toneladas atuais para 18 milhões de toneladas ao ano.
Outra área em que está bem ativa é a de mineração. A política da Arcelor Mittal é ser autosuficiente em minério de ferro. Hoje, produz 64 milhões de toneladas. A meta é chegar a 2014 com um suprimento de 75% do minério que necessita para suprir suas usinas de aço integradas, ou 83 milhões de toneladas. Boa parte desta ampliação virá de minas adquiridas recentemente na África - no Senegal e Libéria -, cuja produção esperada é estimada em 25 milhões de toneladas/ano.
No Leste Europeu e na Ásia, novos focos da companhia, há planos para ampliar a produção de aço na Ucrânia de 7 milhões para 10 milhões de toneladas. Na Índia a empresa desistiu de disputar as minas de Sesa Goa por serem próximas de áreas turísticas, dificultando a logística, mas já assinou memorando de intenções com o governo para instalar uma usina de aço integrada com minas de minério de ferro nas regiões de Jharkand e Orissa. E na China, o grupo negocia com o governo a participação de 38% na siderúrgica Laiwu, uma das 10 maiores produtoras do país.
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