A educação no desenvolvimento industrial

Instituições de ensino preparam mão de obra especializada para a indústria. Mas país ainda sofre com a desqualificação

Imagens: Divulgação



A falta de mão de obra qualificada é um dos maiores entraves no desenvolvimento econômico, industrial e social do Brasil. As empresas já sofrem com a dificuldade de contratar profissionais qualificados. Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que em poucos anos irá faltar engenheiros no país.

A produção industrial cresceu 18% no primeiro quadrimestre de 2010, e a perspectiva é que continue subindo. Quando aumenta a produção, também sobe a procura por funcionários. Este é um dos motivos para a queda do número de desempregados no país nos primeiros meses de 2010. No entanto, existe a barreira da desqualificação, que impede as empresas com vagas em aberto de absorver o contingente que ainda não tem espaço no mercado de trabalho. Em alguns casos, para diminuir o impacto causado pela falta de mão de obra qualificada, muitas empresas treinam seus próprios funcionários, promovem cursos, workshops, palestras.

Um reflexo desta necessidade de profissionais está em uma pesquisa desenvolvida pela Fundação Getúlio Vargas. Os dados apresentados revelaram que quem cursa algum tipo de modalidade de educação profissional - qualificação, ensino médio técnico ou curso superior profissionalizante - tem 48,2% mais chances de conseguir uma ocupação profissional do que quem não fez esses cursos.

O papel das instituições de ensino

Pensando na importância da educação para o desenvolvimento social e econômico do cidadão, muitas instituições de ensino oferecem cursos de acordo com as necessidades da região onde estão inseridas e fazem parcerias com indústrias locais para absorção da mão de obra dos estudantes que passam por suas salas de aula.

Uma dessas instituições é o Senai, que em Santo Antônio da Platina, fornece cursos do segmento metal-mecânico há três anos, estando há 12 na cidade. A instalação destes cursos se deu pela mudança das necessidades da região.

Por muito tempo focada no setor agropecuário, a cidade com 42 mil habitantes, localizada na mesorregião do Norte Pioneiro do Paraná, começou a ver suas cidades crescerem e a população do campo diminuir. Com uma gama de indústrias precisando de profissionais, o Senai passou a oferecer diversos cursos direcionados para as necessidades do setor.

Para melhorar ainda mais a capacitação dos estudantes, a instituição inaugurou este ano o laboratório de metal-mecânica, que atende todas as modalidades de ensino oferecidas pela instituição, com equipamentos novos, estrutura e espaço físico adequado. O Senai também oferece curso gratuito de Aprendizagem industrial, destinado a jovens entre 14 a 24 anos, de baixa renda.

"A busca por maiores níveis de produtividade e competitividade em âmbito mundial por parte do setor produtivo demanda das entidades de educação profissional novas estratégias de atuação. A educação profissional deve promover capacitação para atividades tecnicamente mais complexas, de maneira a proporcionar ao educando a capacidade de avaliar, criticar, propor e tomar decisões", explica Amanda Nogueira Rosa, analista de negócios do Senai.

Outro exemplo, também no Norte Pioneiro do Paraná, mas agora na cidade de Cornélio Procópio, é a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), antigo Cefet-PR. O campus oferece o curso de Tecnologia em Manutenção Industrial desde 1998, com conceito “A” pela avaliação de cursos do Ministérioda educação (MEC). São oferecidas 22 vagas semestrais, formando cerca de 40 alunos por ano. Outros cursos também são ministrados, como o de engenharia industrial mecânica, industrial elétrica, curso superior de tecnologia em automação industrial, ensino médio técnico em mecânica, além de cursos de pós-graduação nestas áreas.

"A UTFPR Campus Cornélio Procópio proporciona para a região uma opção de formação qualificada para estudantes que optaram por um curso técnico, tecnológico ou engenharia, nas áreas de mecânica, elétrica e computação, criando condições para implantação de indústrias dos setores acima através de formação de mão de obra qualificada, dentro dos padrões mais exigentes do mercado", afirma o professor Marcio Sadao Hirata, responsável pelo setor metal-mecânico da instituição.

A instituição também mantém convênios com indústrias por meio da Diretoria de Relações Empresariais e Comunitárias, oferecendo serviços como consultorias, prestação de serviços e convênios específicos para solução de problemas das empresas da região.

A qualificação da mão de obra reflete diretamente na utilização de processos e máquinas modernas. O investimento em educação é, com certeza, uma das melhores maneiras, senão a mais importante, de evitar uma desindustrialização do Brasil e uma crise desenvolvida não pela falta de emprego, mas pela defasagem dos profissionais que disputam as vagas.


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