Fonte: Folha de S.Paulo - 08/05/07
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não teve impacto na indústria e no emprego, apesar de o governo considerar que metade dos empreendimentos (obras e estudos) estão em ritmo adequado. A expectativa de representantes da indústria, do comércio e de trabalhadores é que o programa possa trazer reflexos positivos à economia a partir do segundo semestre deste ano.
"Nem era esperado que tivesse efeito já. O anúncio do PAC é recente. É preciso mais tempo para avaliar", diz Paulo Francini, diretor da Fiesp (federação das indústrias paulistas). "Dizer que a programação está em dia não quer dizer que há efeitos reais na economia."
Para Boris Tabacof, diretor do Ciesp (centro das indústrias) pode ser que o PAC já esteja "andando dentro da estrutura do governo, o que faz com que a gente se limite a receber essas informações e fique na expectativa de que o que acontece no governo passe a acontecer fora dele".
Existe a expectativa, segundo Tabacof, de que alguns setores, como infra-estrutura e construção civil, sejam beneficiados neste ano. "Mas isso ainda não ocorreu. O emprego melhorou no primeiro bimestre deste ano, mas isso não tem relação com o PAC, e sim com a oferta de crédito e o aumento nos prazos de financiamento", afirma.
Na análise de Paulo Godoy, presidente da Abdib, associação da indústria de base, "é preciso haver uma ação incisiva em torno dos obstáculos que impedem a condução dos projetos de infra-estrutura de importância estratégica para o país". Diz ainda que "diversas obras já constam há anos nos planos prioritários dos governos, mas ainda não há soluções concretas para viabilizá-las".
Newton Mello, presidente da Abimaq, associação dos fabricantes de máquinas, diz que o setor espera o PAC funcionar para "sentir os efeitos". "A indústria não vive de projetos, mas de fornecimento de máquinas e equipamentos", diz.
"O PAC empacou", segundo Paulo Rabello de Castro, presidente do Conselho de Planejamento da Fecomercio SP, federação do comércio. "Falta um plano para o desenvolvimento da economia porque o PAC se resumiu a um simples plano de obras. É um capítulo importante, mas não constitui as medidas demandadas há décadas pelo setor privado. É um equívoco considerá-lo como um plano mais amplo."
Ele diz que são necessárias medidas como simplificação tributária, redução da taxa de juros e desmonte da burocracia no país para que o programa "decole".
Para a construção civil, o PAC ainda está longe de resolver os problemas do setor. "Está aquém do que esperávamos, mas não perdemos a esperança", diz João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon-SP. "Em saneamento, habitação popular e em infra-estrutura, o impacto é zero." O setor espera crescer 7% neste ano, se "o PAC "andar" a partir de julho.
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