Para Trumpf, o Brasil ganhou ainda mais espaço após a crise

Dirigente da empresa afirma que a consistência econômica nacional despertou a atenção de outros países

Fotos: Abimei

A Trumpf está iniciando uma nova fase na sua unidade brasileira. A crise econômica global fez a matriz da companhia alemã mudar o seu olhar para o Brasil e notar uma diferença em relação às filiais de outros países: uma boa estrutura econômica, resistência para enfrentar a crise financeira e mercado pujante para o setor de máquinas industriais de alta tecnologia.

Melhor para o sócio-diretor da empresa, Bruno Eifler que, de alguns meses para cá, tem escutado elogios sobre a solidez da subsidiária brasileira diante do complicado momento econômico. Segundo o executivo a companhia cresceu 135% entre 2007 e 2008 e, no ano anterior, já havia registrado uma expansão entre 60% e 70% no País. “Triplicamos o nosso faturamento no Brasil nos últimos três anos”, revela Eifler.

Mesmo esperando fechar 2008/2009 com queda de 30% nos negócios, o executivo encara o período com ânimo: “Não temos que falar de economia como se fosse uma catástrofe. Catástrofe são os acidentes naturais, morte, e não problemas financeiros”. Segundo ele, a Trumpf já havia previsto esta retração em abril do ano passado e, por isso, conseguiu se organizar a tempo para lidar com ela.

Uma das estratégias da companhia foi a adaptação de seus produtos para esta nova realidade. “Fizemos a adequação de nossas máquinas a um mercado menos aquecido, oferecendo produtos mais acessíveis”, conta. Outra saída para a queda na demanda foi no setor de financiamentos. “Os compradores não estavam obtendo crédito para bens de capital, então fomos buscar. Mesmo com a crise, as empresas que têm consistência conseguem linhas em bancos internacionais. O que aconteceu é que passamos a financiar nossos clientes”, comenta.

Por conta destas medidas a companhia não registrou desistência em encomendas já feitas. Segundo Eifler, apenas 1,5% dos pedidos foram cancelados, o que é a margem normal de cancelamentos, mesmo em períodos de atividade intensa.

O executivo analisa que o Brasil apresentou nos últimos anos um crescimento mais lento do que outros países emergentes, porém muito mais estruturado. “Isso abriu os olhos da Trumpf, conseguimos mostrar o potencial do País e despertar nossa matriz para novos investimentos na região”. De acordo com o diretor, passada a crise internacional, o Brasil deve ser o foco de novos aportes da empresa.

Para o ano 2009/2010, a companhia planeja ficar no mesmo patamar de 2008, com uma possível alta. A retomada da indústria automobilística no primeiro trimestre é um dos motivos que levam à expectativa otimista. Outra razão é o mercado de máquinas agrícolas. “O preço das commodities caiu mas o câmbio está compensando esta diferença e há boas linhas de financiamento do BNDES para o setor”, avalia.

O segmento de pequenas e médias empresas também é promissor, na opinião do executivo. “Elas buscam o aprimoramento e melhoram a qualidade de suas máquinas, assim que podem”. Investimento e qualidade: palavras prioritárias para a Trumpf. Há anos, a companhia investe 7% do faturamento anual em desenvolvimento e pesquisa, fato que explica porque as suas máquinas estão entre as mais avançadas do mundo.

Eifler acredita que as sofisticadas máquinas de corte a laser tendem a aumentar sua presença nas fábricas brasileiras. Segundo ele, há alguns anos, o Japão consumia 2 mil máquinas do segmento por ano, enquanto o Brasil estava em um patamar de apenas 300 no mesmo período. “A partir de agora, se tivermos um crescimento sustentável e disponibilidade de crédito, o País pode alcançar um consumo de 2 mil equipamentos a laser por ano”, prevê Bruno Eifler, declaradamente um defensor da indústria nacional. “Com o parque industrial modernizado, todos sairemos ganhando”.

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