Foto: Divulgação
O Brasil virou modelo a ser seguido pela indústria automobilística norte-americana em crise. Além de enviar mão de obra aos Estados Unidos para o desenvolvimento de carros compactos e mais econômicos, as montadoras começam a copiar o sistema brasileiro de venda de veículos com incentivos.
Como parte do plano de reestruturação da General Motors (GM), as unidades brasileiras do grupo devem contribuir com o envio de tecnologia para a produção de carros compactos e com o envio de mão de obra de engenharia e design. Não foi confirmado quantos profissionais podem ser enviados, mas a empresa estima que até 1.200 pessoas passem para a matriz. "Temos muita experiência em tecnologias de carros pequenos. É mais uma transferência de produtos em engenharia e design do que envio de dinheiro", diz Jaime Ardila, presidente da GM no Brasil e Mercosul.
Ardila mencionou parte das exigências feitas pelo governo dos EUA para conceder novos US$ 6,4 bilhões - de um total de quase US$ 18 bilhões - com a meta de evitar a quebra da montadora norte-americana. Segundo ele, uma força-tarefa criada entre o governo e a cúpula da companhia chegaram ao consenso de que é preciso gerar mais verbas para investir em produção, acelerar o processo de reestruturação já em andamento - o que inclui o fechamento de mais fábricas e revendas e melhorias na competitividade e custos de fabricação de suas marcas - e investir pesado no desenvolvimento de tecnologias mais econômicas para os combustíveis utilizados.
Fritz Henderson, novo presidente e executivo-chefe da GM, Fritz Henderson, afirmou ontem que a empresa poderia fechar mais fábricas nos próximos meses, a fim de cumprir os requisitos impostos pelo governo norte-americano. Ele não descartou que a companhia possa pedir concordata mesmo depois de aplicar as exigências impostas por Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.
Sobre os planos de incentivo à venda de veículos, a General Motors nos Estados Unidos passou a oferecer proteção para pagamentos durante os primeiros 24 meses após a compra. Dentro desse período, se o comprador perder sua renda, a GM fará o pagamento de até nove parcelas do financiamento de no máximo US$ 500 por mês. A montadora vai ajudar a proteger o valor original de um veículo da marca quando o consumidor for trocar seu carro por um modelo GM novo. O anúncio da GM foi feito logo após a Ford - que recusou a ajuda federal afirmando que tem caixa para superar a crise - informar que oferecerá juro zero nos financiamentos e o pagamento de até 12 parcelas se o comprador ficar desempregado. Os planos de incentivo das companhias têm como objetivo tentar impulsionar as vendas de veículos nos Estados Unidos e aumentar a confiança dos consumidores.
A rival Chrysler começou a oferecer financiamento sem juros, junto com abatimentos, preço especial para empregados e descontos de até US$ 6 mil em janeiro, para reduzir os estoques dos revendedores e aumentar as vendas. Até agora, as medidas parecem não ter ajudado a Chrysler, que ainda se esforça para manter suas operações em andamento.
"As filiais latinas estão vendendo muito bem o que produzem, apesar da crise, e por isso podem transferir o seu know-how", disse o presidente da GM no Brasil.
Para Ardila, o que a General Motors busca é um acordo com toda a sua cadeia de fornecedores e revendedores para quitar as dívidas. "Se não conseguimos um acordo, faremos dentro do sistema judicial. A quantidade que o governo vai ter que financiar, está dentro do plano de acordo que o governo vai fazer."
Na segunda-feira, Obama, disse que o plano da GM era insuficiente e concedeu 60 dias para montadora apresentar um novo projeto de reestruturação. A Chrysler teve um prazo de 30 dias para definir um acordo com a Fiat.
Opel - A chanceler alemã Angela Merkel confirmou que o governo está disposto a fornecer garantias financeiras para ajudar a Opel, controlada pela General Motors, mas não irá assumir parte da montadora. Merkel disse que irá estabelecer uma força-tarefa nos próximos dias com representantes dos governos federal e estaduais, da empresa, de bancos e do governo dos EUA, para definir o futuro da empresa.
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