Fonte: Estadão - 05/11/08
O faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos teve alta de 15,7% em setembro ante agosto, com saldo de R$ 7,94 bilhões, segundo dados divulgados hoje pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). De janeiro a setembro, o setor faturou R$ 57,93 bilhões, um crescimento de 27,6% sobre os nove primeiros meses de 2007. Ao longo do ano, a indústria manteve uma média de 25% de alta em seu faturamento. Os segmentos que mais cresceram no período foram máquinas agrícolas (48,7%), bombas e motobombas (35,2%) e bens sob encomenda (27,6%). As maiores quedas foram verificadas no faturamento de máquinas têxteis (-25,2%) e de máquinas gráficas (-26,2%).
As exportações de máquinas e equipamentos aumentaram 89,5% em setembro ante agosto, para US$ 1,863 bilhão. Esse resultado está fortemente relacionado à exportação de uma plataforma de exploração de petróleo no mês de setembro, para os Estados Unidos, no valor de US$ 862 milhões. Sem essa plataforma, a exportação teria crescido 1,87% sobre agosto. De janeiro a setembro, as vendas externas da indústria aumentaram 17,9% para US$ 9,3 bilhões. Ao longo do ano, as exportações têm crescido uma média de 15%.
Embora o faturamento e as exportações da indústria de bens de capital não tenham sofrido até setembro impacto da crise do sistema financeiro internacional, as importações já mostraram um recuo de 9,3% ante agosto, para US$ 2 bilhões. De acordo com a Abimaq, o setor trabalhou com um dólar valendo, em média, R$ 1,97 em setembro, bem superior ao valor de agosto (R$ 1,61). Ainda assim, de janeiro a setembro, as importações acumulam alta de 48,5% para US$ 16,5 bilhões.
O consumo aparente (produção somada à importação e descontada a exportação) de máquinas e equipamentos caiu 7,3% em setembro ante agosto, para R$ 8,3 bilhões. De janeiro a setembro, o crescimento é de 34,9%, para R$ 69,9 bilhões.
A balança comercial do setor já acumula um déficit de US$ 7,182 bilhões de janeiro a setembro, alta de 123,4% sobre o mesmo período de 2007. A previsão da Abimaq para a balança comercial até o fim de 2008 é de um déficit de US$ 11 bilhões. O emprego no setor cresceu 0,3% em setembro ante agosto, totalizando 248.225 funcionários.
Crise
De acordo com o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, os efeitos da crise ainda são pequenos no setor, mas devem ser mais sentidos a partir de 2009. Isso acontece porque as encomendas de máquinas e equipamentos são entregues em uma média de três meses, de modo que o setor já está totalmente compromissado até o fim do ano. Empresas compradoras de bens de capital nos segmentos de petróleo, gás, siderurgia, papel e celulose estão mantendo seus pedidos. Já no setor de açúcar e álcool, têm feito pedidos de adiamento de 90 dias para a entrega de equipamentos e até mesmo cancelamentos.
Ele lamentou o fato de que empresas como Vale e Petrobras tenham sinalizado adiamento do investimento, pois isso cria cautela na indústria como um todo. Outro setor bastante afetado pela crise é o segmento agrícola, que depende muito de crédito para adquirir máquinas e equipamentos e também tem sido prejudicado pelo preço em queda dos produtos agrícolas.
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