Fonte: FAPESP - 03/10/08
Foto: FAPESP
Um projeto de pesquisa que integra a geração de energia e o controle da poluição ambiental rendeu, a docentes e estudantes da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP), a primeira colocação na quinta edição do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, na categoria Integração.
O trabalho, apoiado pela FAPESP por meio de um Auxílio Regular a Pesquisa, foi conduzido por pesquisadores do Laboratório de Processos Biológicos da EESC, em parceria com colegas da Universidade da República (Udelar), no Uruguai.
O estudo propõe a produção de hidrogênio como fonte de energia renovável, em alternativa aos combustíveis fósseis, a partir do tratamento de águas residuárias, águas utilizadas em algum processo, seja industrial ou residencial, e que são devolvidas ao ambiente. Um exemplo são os esgotos domésticos que, lançados nos rios sem o devido tratamento, podem causar impactos negativos ao meio ambiente.
Um dos coordenadores, Marcelo Zaiat, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC, explica que a produção biológica de hidrogênio pode ocorrer por duas vias: fotossíntese e processo fermentativo. A pesquisa abordou a produção fermantativa, considerada mais simples pelo professor. Ele diz que, nesse caso, o hidrogênio pode ser obtido a partir da matéria orgânica de águas residuárias.
Segundo Marcelo, o processo anaeróbio de conversão de matéria orgânica divide-se basicamente em duas fases: acidogênica e metanogênica. O hidrogênio é obtido na primeira fase (acidogênica), a qual é mediada por organismos que consomem a matéria orgânica das águas residuárias e produzem ácidos orgânicos, álcoois e hidrogênio. A questão, então, seria desenvolver reatores biológicos mais adequados a essa conversão, com maior rendimento possível.
Nesse contexto de associação entre a produção de hidrogênio com baixo custo e o controle da poluição ambiental, ele aponta que os trabalhos de pesquisa na área começaram a ser desenvolvidos na década de 1990 e que, até hoje, mais de 200 estudos sobre bioprodução de hidrogênio já foram publicados no mundo.
Os grupos de pesquisa premiados da USP e da Udelar têm desenvolvido reatores biológicos inovadores, com a busca de parâmetros de engenharia para maximizar a produção de hidrogênio.
Segundo o pesquisador, além de ser um combustível limpo, outra vantagem é que o hidrogênio é quase três vezes mais energético do que os hidrocarbonetos.
Saiba quem foram os outros vencedores do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia no Portal CIMM.