Foto: Romildo de Jesus/AE
A reciclagem de plástico Pet já movimenta R$ 1,08 bilhão em negócios no Brasil. O País reciclou 230 mil toneladas em 2007, menos apenas que o Japão. Hoje 53,5% do material volta à indústria, e a demanda está crescendo entre empresas do setor têxtil, de embalagens e materiais para construção.
O Pet - Sigla para Poli-tereftalato de Etileno - é uma resina de poliéster que ganhou mercado no País a partir da década de 1990. De 1996 até hoje, a reciclagem do material cresce a taxas médias de 18% ao ano. "O desenvolvimento de um mercado para o Pet reciclado ocorreu paralelamente ao crescimento do uso da resina", explica Auri Marcon, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Pet.
São empresas como a Fivebras, de São Paulo, que produz embalagens e materiais escolares como mochilas e fichários. Após dois anos de pesquisa, a empresa patenteou o Ecotess, tecido feito 100% de Pet reciclado. O primeiro produto feito com o invento é uma sacola de compras reutilizável.
"Queríamos desenvolver um produto que fechasse o ciclo. Cada sacola contém Pet equivalente a uma garrafa, e ela poderá ser reciclada ao final de sua vida útil", afirma Ricardo Zaguer, diretor da Fivebras. Segundo ele, nos últimos dois anos aumentou a demanda dos clientes por produtos com apelo ambiental. Lançadas há quatro meses, as sacolas já caíram no gosto de clientes como a Volkswagen e a Pepsico.
Industria Têxtil
A maior aplicação do Pet reciclado é na indústria têxtil, que absorve 40% do material. O apelo da reciclagem é um componente valioso para o marketing de pequenas empresas do setor. É o caso da Camú Camú, confecção familiar de roupas infantis de Cerquilho (SP). A empresa produz roupas com Pet reciclado, fibra de bambu e algodão orgânico.
"Tivemos que dobrar a oferta de produtos com apelo ecológico. Eles representavam 10% da coleção em 2007, hoje já são 20%. A aceitação é grande também porque a resina, misturada ao algodão, dá leveza à roupa", diz Josiane Scudeler, sócia-proprietária da Camú Camú, marca presente em 800 pontos-de-venda em todo o País.
Construção
Outro setor que tem consumido grande volume de Pet reciclado é o de construção civil. Fabricantes de tintas e vernizes, como Suvinil, Tintas Coral e Sherwin Willians, já colocaram no mercado produtos com a resina reciclada na formulação. A gama de produtos que podem ser feitos com Pet reciclado varia de tubulações a produtos para impermeabilização.
A Viapol, fabricantes de impermeabilizantes com faturamento anual de US$ 120 milhões, lançou há três anos uma linha de mantas asfálticas - usadas como impermeabilizantes na construção civil - com 60% de resina reciclada. As vendas crescem 20% ao ano, impulsionadas pelo movimento das construções ?verdes?, diz Gervásio Beraldo Júnior, gerente industrial da Viapol. São clientes como Gafisa, Cyrela e Tishman Speyer. "Grandes construtoras estão demandando materiais menos agressivos ao meio ambiente."
De acordo com Marçon, da Abipet, a capacidade de aplicação do Pet reciclado é ainda maior, mas esbarra na falta de programas estruturados de coleta seletiva. "A coleta é o grande gargalo."