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Um relatório do grupo independente Climate Group afirma que a China investiu US$ 12 bilhões em energias renováveis em 2007, o que colocou o país em segundo lugar nos investimentos do setor, atrás apenas da Alemanha.
Para a diretora do Climate Group, Changhua Wu, co-autora do relatório, o aumento dos investimentos no setor é, em parte, resultado da mudança de atitude do governo, que teria percebido a inviabilidade do modelo ocidental de industrialização.
"Durante sua revolução industrial a China enfrenta problemas parecidos com os enfrentados pelo ocidente no período de rápido crescimento: poluição, dano ambiental e esgotamento dos recursos", afirmou.
"Não temos mais tantos recursos naturais. Temos que contar com os mercados internacionais, então existe um grande problema de segurança aqui", acrescentou.
'Revolução limpa' - De acordo com o relatório A Revolução Limpa da China, a Alemanha, que ficou em primeiro lugar em termos de investimentos em energias renováveis, investiu US$ 14 bilhões em 2007.
O documento foi publicado no momento em que a China enfrenta críticas internacionais pela má qualidade do ar, dias antes do início das Olimpíadas de Pequim.
Para alcançar sua meta de aumentar de 8% para 15% a porcentagem de energia com baixo uso de carbono até 2020, a China deve investir uma média de US$ 33 bilhões por ano nos próximos 12 anos.
Como resultado, o país deve se transformar no maior investidor no setor até o final de 2009, segundo Changhua Wu.
Líder - O relatório afirma que a China já é líder em termos de capacidade instalada de geração de energia renovável.
O país tem a maior capacidade de geração hidrelétrica desde que o polêmico projeto da represa de Três Gargantas começou a produzir eletricidade. A China também tem o quinto maior número de turbinas para captação de energia eólica do mundo.
A capacidade instalada de painéis de energia solar ainda é relativamente baixa, apesar de o país já ser o líder na produção destes painéis.
"O rápido crescimento do setor de energia eólica foi resultado de políticas domésticas, pois o governo ofereceu incentivos para desenvolvimento, então os setores público e privado aderiram", disse a diretora do Climate Group.
"Mas o setor de energia solar se beneficiou principalmente do mercado internacional, com a demanda dos Estados Unidos e União Européia."
"A política de incentivos ainda não existe, mesmo assim cresceu ao nível que está agora", acrescentou Changhua Wu.
Carvão - Apesar destes avanços, o legado do rápido crescimento econômico que teve como base a queima de carvão é o crescimento das emissões de gases de efeito estufa.
O relatório diz ainda que a China era responsável por apenas 7% das emissões destes gases no período antes de 2002, quando mais de 90% das emissões a partir de atividades humanas foram liberadas.
Mas, desde a virada do século, a contribuição da China cresce constantemente e, atualmente, o país é responsável por 24% do total global.
"Em termos de emissões totais, a China já está em primeiro lugar no mundo. Esta é informação pública, até o governo admite. Mas, ao analisar emissões per capita, não somos os primeiros, pois temos 1,3 bilhão de habitantes", disse Wu.
Nos últimos dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, a comunidade internacional teme pela qualidade do ar na capital chinesa.
Organizadores dos jogos prometeram que a famosa poluição de Pequim iria diminuir e autoridades municipais introduziriam medidas como proibição do uso de carros particulares e o fechamento de algumas fábricas, caso as condições não melhorem.
Os problemas de Pequim estão recebendo mais destaque, mas a poluição do ar é um problema em todo o país. Segundo dados do Banco Mundial 20 das 30 cidades mais poluídas do mundo estão na China.
O governo chinês está tentando estabilizar suas emissões até 2020, primeiramente implantando maior eficiência energética e também com a expansão da infra-estrutura de energia renovável do país, incluindo carros elétricos.