G8 apóia o lançamento de 20 projetos captura de carbono

Figura: Divulgação

O grupo das oito maiores potências industriais, o G8, anunciou nesta semana que espera lançar 20 grandes projetos para enterrar os gases do efeito estufa (GEE) até 2010 e pretende usar largamente a tecnologia na década seguinte.

Segundo uma declaração escrita dos ministros de energia do G8, a captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) tem um “papel crítico no combate das mudanças climáticas e desafios de segurança energética”.

“Nós apoiamos fortemente a recomendação de que 20 projetos de grande escala de CCS demonstrativos precisam ser lançados globalmente até 2010; tendo em vista um apoio ao desenvolvimento tecnológico e uma redução de custo para o início de um grande uso de CCS em 2020”, afirmaram os ministros do G8 no documento divulgado no último domingo.

A tecnologia seria uma saída para resolver o problema das usinas energéticas movidas a carvão, matéria-prima que responde hoje por 25% da demanda de energia primária e representa 40% da energia elétrica produzida no mundo. Somente na China, o carvão representa mais de 80% das reservas energéticas.

Segundo o diretor de qualidade, meio ambiente e I+D da União Fenosa, Eloy Alvarez Pelegri, o carvão assumiu estabilidade nos preços frente a outros combustíveis como o petróleo. A União Fenosa atua no segmento energético na Espanha.

“O carvão será um combustível insubstituível nos próximos cinco anos e tem que ter sustentabilidade”, afirmou Pelegri, que esteve no Brasil em abril para participar de um evento sobre oportunidades de negócios com créditos de carbono.

Pelegri avalia que o CCS pode responder por 20% da redução de emissões de dióxido de carbono (CO2), o que equivaleria a 6,5 gigatoneladas por ano. “As experiências de transporte já avançaram, principalmente nos EUA, e há grande experiência das indústrias petroleiras que mostraram como fazer com segurança”, comentou.

A Petrobrás é uma das petrolíferas que já investe a algum tempo em pesquisas com seqüestro de carbono. Durante palestra em Florianópolis, o engenheiro de meio ambiente da Petrobrás Cristian Sartori Santarosa afirmou que a empresa tem como meta alcançar a liderança no uso da tecnologia CCS em 2017.

A Petrobrás planeja implantar uma unidade de demonstração de armazenamento em reservatório geológico até 2012 e também trabalha em pesquisas para reduzir os custos dos atuais preços de captura.

Pontos negativos

No relatório divulgado na última semana, a Agência Internacional de Energia (AIE), já havia recomendado o uso comercial da tecnologia até 2020, o que foi fortemente criticado pelo grupo ambientalista Greenpeace.
Segundo a Ong, o relatório vai do céu ao inferno em poucas linhas. “Se por um lado reconhece as fontes renováveis podem suprir metade da energia mundial até 2050, por outro insiste em apostar numa expansão da energia nuclear e na vaga tecnologia de captura e armazenamento de carbono para atingir metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. Uma distração cara e perigosa, por afastar as discussões da reais soluções para o problema climático.”

O Greenpeace elaborou um relatório para contrapor a visão da AIE sobre o futuro energético do planeta, [R]evolução Energética: Panorama de um Japão Energeticamente Sustentável (clique aqui para acessá-lo).

Os principais argumentos contra a tecnologia são os custos, o alto consumo energético do método atual e os riscos de vazamento. Atualmente esta tecnologia custa 60 euros (95 dólares) por tonelada de CO2 evitada e, para se tornar viável, este valor deve ser cortado pela metade. Hoje as indústrias podem comprar o direito de emitir por 25 euros a tonelada no esquema de comércio de emissões da União Européia.

Métodos para obtenção

Existem três métodos para se capturar o CO2: pré-combustão, pós-combustão e queima com oxigênio ao invés de ar. Para o armazenamento, as opções são injetá-lo em minas de carvão não mineráveis, em águas profundas ou em reservatórios depletados de óleo e gás e aqüíferos salinos profundos.

“A Inglaterra e a Alemanha já avançaram bastante na pesquisa de oxicombustão de carbono e a Espanha segue este caminho”, afirmou Pelegri.

O G8 reúne a Grã-Bretanha, Canadá, Itália, Japão, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos. China, Índia e Coréia do Sul também participaram da reunião.

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