Fotos: Divulgação
O conteúdo elétrico e eletrônico nos veículos continua a crescer com a instalação de novos acessórios e recursos. Sistemas como ABS, ESP (e uma sopa de letrinhas que o marketing cria), navegadores, radares, sensores de distância, airbags, iluminação, climatização, bem como controles de motor, caixa de câmbio e suspensões, sem esquecer dos sofisticados aparelhos de áudio, requerem computadores e programas. Ao mesmo tempo, muitas operações antes ativadas hidráulica ou mecanicamente estão sendo substituídas por atuadores elétricos e eletrônicos, resultando em número elevado de circuitos, interruptores e controles.
Um automóvel moderno vem equipado com 40 a 60 computadores responsáveis por mais de 50 funções. E não pára por aí: estima-se que 90% das futuras inovações tecnológicas venham de origem eletroeletrônica. Para isso, a potência de cálculo duplica a cada quatro anos. O poder de processar dados, como comparação, há muito deixou para trás o módulo espacial americano do projeto Apollo que pousou na Lua em 20 de julho de 1969. Sistemas de distribuição elétrica formam uma intrincada rede de fios que precisam seguir diferentes rotas, têm comprimento variável e recebem diversos conectores.
Multiplexagem: conceito herdado dos aviões
Na realidade, mais de 800 metros de cabos percorrem um carro. Mas poderia atingir proporções bem maiores. A extensão, a complexidade, o peso e os custos envolvidos (fios de cobre encareceram bastante nos últimos anos) seriam um enorme problema a resolver, se a eletrônica, outra vez, não houvesse entrado em cena.
Trata-se do conceito de multiplexagem, herdado dos aviões, para simplificar chicotes elétricos e cabeamento. Reduzindo em 30% o número de fios no veículo, a multiplexagem é formada por uma rede de processadores conectados a uma unidade central de supervisão e monitoramento, que inclui gerenciamento eletrônico do motor responsável pelo sistema integrado de injeção e ignição entre as funções primárias. Para saber se o seu automóvel é multiplexado basta acionar o interruptor da luz de cortesia: deve ocorrer um pequeno retardo para a lâmpada acender, como ocorre nos aviões mais modernos.
Desafio
Jean Leflour, gerente de arquitetura eletroeletrônica dos veículos da PSA Peugeot Citroën, explica o impacto nos veículos: “Garante maior segurança, conforto e proteção ambiental. Requer, porém, um trabalho intenso de integração, compatibilidade, robustez, funcionalidade e validação. Nessa área não existem meios-termos. Temos que anular qualquer possibilidade de instabilidade, interferência ou informações mal-interpretadas”.
Componentes eletrônicos representam, por enquanto, 30% do custo de fabricação de um carro. O maior desafio é aplicar as novas tecnologias em modelos mais baratos. Ganhos significativos estão surgindo graças à padronização, que ajuda a diminuir custos e tempo de desenvolvimento. Existe desde 2003 o programa internacional Autosar, reunindo fabricantes de veículos e de autopeças, com o objetivo de criar e aperfeiçoar arquiteturas padronizadas de programas de gerenciamento.
É o único meio de ampliar os domínios da eletroeletrônica, sem deixar de fora os modelos mais acessíveis. Um repto e tanto para o futuro.