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Por Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental
Que a sustentabilidade, vista como o equilíbrio entre os resultados econômicos, ambientais e sociais, agrega valor ao negócio até os mais céticos analistas de gestão são capazes de concordar. Já se aceita por razoável que, bem implantada, com mudanças efetivas de práticas e modelos, ela impacta positivamente a reputação, torna a cadeia produtiva mais eficiente, reduz os riscos inerentes à operação, facilita os financiamentos, possibilita atrair e manter talentos, valoriza a marca e também as ações no Novo Mercado.
O que ainda não se sabe é o quanto, isoladas ou em conjunto, e principalmente traduzidas em números, essas variáveis contribuem para a melhoria do desempenho global das empresas. A ausência de indicadores objetivos, internacionalmente consagrados, tem oferecido munição para os que classificam a sustentabilidade apenas como um receituário de boas intenções.
Não é o caso de Bob Willard. Ex-presidente da IBM, esse economista não têm dúvidas de que o conceito traz vantagens claras para os negócios. Movido pela convicção de que os atuais modelos contábeis são insuficientes para dimensionar tais vantagens, ele escreveu o livro The Sustainability Advantage (ainda sem tradução para o português), segundo ele próprio disse em entrevista à revista Idéia Socioambiental, para "quantificar os potenciais benefícios da sustentabilidade". Nesse esforço, Willard não precisou criar uma métrica específica. Homem de negócios que é recorreu a informações de negócio. E com o auxílio de um pouco de matemática financeira e o estudo de centenas de balanços comerciais, descobriu que, ao implantar práticas sustentáveis, grandes e pequenas empresas podem lucrar respectivamente 38% e 66% a mais no curto e médio prazos.
Ao contrário do que se costuma supor --garante Willard-- o retorno para investimentos em sustentabilidade não ultrapassa a média habitual de 24 ou 36 meses. Em defesa de sua tese, ele aponta sete grandes benefícios aos quais chegou depois de calcular as economias geradas com a incorporação da sustentabilidade na estratégia do negócio. Para fazer suas estimativas, utilizou uma hipotética megacorporação de tecnologia da informação, holding formada pelas cinco maiores da área no mundo, com receitas anuais de U$ 44 bilhões e 120 mil funcionários. Exemplo do raciocínio aplicado por Willard em sua metodologia: se 20% dos 1200 colaboradores que se desligam da empresa por ano permanecessem nela por causa da mentalidade sustentável, a companhia economizaria polpudos U$ 38 milhões em recursos humanos. Ainda segundo o autor, ela deixaria de desperdiçar U$ 840 mil graças á maior facilidade de contratar os melhores talentos e U$ 756 milhões em decorrência do ganho de produtividade dos empregados. Para Willard, a companhia fictícia teria, com a sustentabilidade, uma redução de custos de produção da ordem de U$ 330 milhões e um aumento das receitas e do valor de mercado de U$ 150 milhões. São números expressivos. E é bom lembrar que, apesar da analisar o tema sob a óptica da oportunidade, o autor não considerou o desenvolvimento de produtos com apelo socioambiental --um campo de futuro próximo promissor.
Willard é, sobretudo um pragmático. E talvez suas idéias desconfortem os mais puristas. A principal contribuição do livro --além, é claro, da metodologia útil - está em reforçar a idéia de que os líderes só vão obter legitimidade para suas estratégias sustentáveis se puderem quantificar os benefícios e as basearem em uma lógica de sucesso empresarial que faça sentido para todas as partes interessadas, inclusive, e principalmente, os acionistas.
* Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável.
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