Ford investe R$ 600 milhões no país para dobrar produção


Enquanto a matriz americana corta custos para se reerguer da mais grave crise de sua história, a filial da Ford no Brasil tem registrado ganhos consecutivos e gerado recursos próprios para investir em aumento de capacidade de produção. Ontem, a montadora anunciou aportes de R$ 600 milhões na fábrica de Taubaté (SP) para dobrar sua produção e lançar uma nova família de motores que equiparão os próximos veículos da marca.

Na semana passada, a companhia divulgou lucros de US$ 257 milhões na América do Sul, região que tem o Brasil como maior produtor de carros. "Nossos resultados foram positivos, melhores do que os do ano anterior e isso é importante para continuarmos a fazer novos investimentos", disse o presidente da Ford do Brasil e Mercosul, Marcos Oliveira.

O executivo ainda faz segredo sobre os novos motores, mas adianta que serão mais econômicos e menos poluentes que os atuais. A nova família de motores, chamada de Sigma, terá versões bicombustível e um deles dever ser na versão de 1.4 litro, faixa em que a empresa ainda não atua hoje, ao contrário de concorrentes como a Fiat e a General Motors.

Segundo Oliveira, o novo investimento é complementar aos R$ 2,5 bilhões anunciados para o período 2007/2011. "É um investimento adicional, 100% gerado no Brasil", diz ele (leia entrevista ao lado).

Este ano, todas as grandes montadoras já anunciaram projetos de novas fábricas ou ampliação da linha de motores para acompanhar a demanda por carros novos. Até sexta-feira, as vendas totais no período de janeiro a abril apresentavam crescimento de quase 29% em relação a igual período de 2007, com 862,4 mil unidades.

A Fiat comprou a fábrica da Tritec, que estava paralisada desde junho. A General Motors vai construir uma fábrica em Santa Catarina, um investimento de R$ 350 milhões. A Volkswagen gastará R$ 123 milhões na ampliação da fábrica de São Carlos (SP) e a Honda, que até agora importava a peça, iniciará em maio a produção de motores em Sumaré (SP).

A Ford produz atualmente 280 mil motores por ano em Taubaté, volume que chegará a 500 mil unidades quando o novo investimento for concluído. A maior parte da produção vai equipar os modelos feitos no Brasil, como Ka, Fiesta e EcoSport, além de futuros lançamentos. Outra parte será exportada.

Oliveira informa que os motores atuais, chamados de Zetec RoCam continuarão sendo produzidos mas, ao longo dos anos, serão gradativamente substituídos pela nova geração.

Terceirização

A fábrica de Taubaté, inaugurada em 1987, emprega 1.550 funcionários e opera em três turnos. A unidade que fabrica chassi será terceirizada, para abrir espaço à produção da nova família de motores. Os cerca de 200 trabalhadores desse setor serão alocados para a produção dos propulsores e novas vagas serão abertas pelas empresas que se encarregarão da linha de chassi.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Claudemir Monteiro, o investimento era disputado por outras empresas do grupo fora do País, mas, segundo ele, não houve exigências de contrapartidas para que o projeto ficasse no Brasil.

"Nas próximas semanas vamos discutir a necessidade de contratações, mas com o piso atual da categoria", diz Monteiro. Também deverá ser negociado um pacote de incentivos para o desligamento de cerca de 40 funcionários aposentados.

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