O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), está desenvolvendo tecnologia de soldagem de vários tipos de ligas metálicas especiais, que vai possibilitar a fabricação de elementos filtrantes para “Telas Premium”, utilizadas especialmente para controle de areia em poços de petróleo e gás.
Esse mesmo processo pode ser usado no tratamento de água industrial, filtração em alta pressão e em alta vazão, em saneamento básico, em equipamentos científicos, além das indústrias aeronáutica, espacial, entre outras.
Segundo Samuel Tocalino, da DFB Técnicas para Soldagem de Metais Ltda., parceira do LNLS no projeto, em aproximadamente dois anos o Brasil dominará todo o ciclo de produção dessas telas, nacionalizando o produto e gerando uma economia de cerca der US$ 40 milhões em importação, além de acesso a um mercado internacional de cerca de US$ 200 milhões.
A importância do desenvolvimento da tecnologia fica mais evidente quando se sabe que cerca de 80% da produção de petróleo no país procede de reservatórios em águas profundas, onde a instalação de contenção de areia é praticamente obrigatória.
Tocalino afirma que apenas três empresas no mundo dominam a técnica de fabricação de elementos filtrantes utilizando essa tecnologia. “O sucesso do projeto abrirá outras oportunidades, como o desenvolvimento futuro de designs de Telas Premium adaptadas às condições de produção brasileira e a difusão dessa tecnologia para outros setores industriais.”
De acordo com Osmar Roberto Bagnato, líder do Grupo de Materiais, o LNLS trabalha no desenvolvimento de processos especiais de soldagem há mais de 10 anos, onde os mesmos são utilizados na fabricação de componentes para os aceleradores de elétrons, linhas de luz e outros componentes do Laboratório.
“A parceria para o desenvolvimento desse projeto surgiu há dois anos com o interesse comum no desenvolvimento de técnicas de soldagem não convencionais que pudessem unir diferentes materiais metálicos que podem ser utilizados tanto para a fabricação de peças para os aceleradores, como para as outras aplicações citadas”, diz.
Bagnato afirma ainda que sem o apoio das áreas de projetos, oficinas e outros grupos técnicos, um trabalho como esse não poderia ser tocado.
Os recursos para o desenvolvimento da tecnologia são fornecidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pela DFB Técnicas para Soldagem de Metais Ltda., que detém os direitos de fabricação e comercialização.
O projeto conta ainda com a assessoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que testará o produto. Desde 2003, após sugestão da Petrobrás, a FINEP tem incentivado a produção dessas telas no Brasil.
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