As margens de lucratividade dos grupos siderúrgicos ao redor do mundo devem ser reduzidas em 2008, já que a apertada oferta de matéria-prima pressionará os preços para cima, movimento que deve ser contido pela redução do ritmo de consumo de aço por parte dos países desenvolvidos, particularmente dos Estados Unidos.
A avaliação é da agência de risco Fitch Rating, que também destacou que o setor deve continuar no movimento de consolidação em 2008, com os produtores mundiais de aço buscando diversificar seu posicionamento geográfico, racionalizar produção e ganhar acesso adicional a matérias-primas.
De acordo com a agência, em relatório divulgado no final de dezembro, a demanda global por produtos siderúrgicos deve crescer a uma média de 6% a 7% por ano ao longo dos próximos 18 meses, puxado pelo consumo dos países em desenvolvimento. Por isso, a agência considera que o preço do aço na maior parte dos mercados deve crescer, "mas o mercado apertado para o suprimento de matérias-primas deve comprimir as margens de quem não controla sua fonte própria de minério de ferro, ferro-gusa e sucata".
Com isso, a agência estima que haverá um incremento de entre US$ 60 e US$ 70 no custo do minério de ferro e do coque por tonelada métrica de aço líquido produzido, para empresas que não são verticalizadas. Os preços finais do aço devem crescer entre US$ 30 e US$ 50 por tonelada métrica. No quarto trimestre, as placas, por exemplo, eram comercializadas de US$ 480 a US$ 520.
No final do ano passado, executivos do setor já acenavam com as projeções de aumento nos preços. O diretor-presidente do Grupo Gerdau, André Gerdau Johannpeter, destacou, em novembro, que o custo de produção estava apresentando certa volatilidade, com aumento dos preços da sucata e pressão de alta no frete, no minério e na energia, o que deveria pressionar os preços em 2008. Também a CSN destacou a possibilidade de aumento nos preços. O diretor comercial da CSN, Luiz Fernando Martinez, também ressaltou que o aumento dos custos e a forte demanda interna como fatores para o aumento dos preços.
O Brasil deve ser um dos mercados que puxará o crescimento do mercado mundial. A expectativa do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) é de que o consumo cresça. A expectativa para a siderurgia brasileira em 2008 é positiva. O IBS estima que o consumo cresça 10%, abaixo dos quase 20% estimados para o fechamento de 2007.
Diferente do movimento mundial de consolidação, no País o crescimento deve ser orgânico, por meio de investimento em ampliação da capacidade dos atuais grupos e da vinda de companhias internacionais para a produção de semi-acabados, acrescentou outra agência de risco, a Standard&Poor's, em relatório também divulgado em dezembro.
A agência destacou que embora boa parte do incremento de produção seja de semi-acabados, voltados para o mercado externo, no médio ou longo prazo, a tendência poderia se reverter, resultando em um crescimento da competição no mercado interno. "Apesar disso, não esperamos uma ruptura abrupta nos fundamentos de demanda e fornecimento no Brasil, que devem permanecer comparativamente favoráveis."
No acumulado do ano de 2007 até outubro a produção de aço bruto aumentou 8,5%, para 995,2 mmt no mundo, de acordo com os dados do Instituto Internacional do Metal e do Aço ( IISI). 2007 foi o segundo ano consecutivo em que a produção de aço mundial ultrapassa a barreira de 1 bilhão de toneladas, estima o instituto.