E a culpa será nossa

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O programa da Nova Indústria Brasil (NIB) criou uma janela de oportunidade para que sejam apresentadas soluções inovadoras

Em um post no Instagram do Instituto Millenium abordando a produtividade do trabalho por hora trabalhada, pode-se observar claramente as insuficiências do Brasil para sair de uma estagnação de produtividade e competitividade que perdura desde 1990.

Podemos notar, simplificando a análise do gráfico, que, partindo de 1990, os Estados Unidos saíram de pouco menos de US$ 60 para US$ 94,80 em 2022, e quase que em bloco, Alemanha, França, Austrália, Reino Unido, Itália e Japão mantiveram um crescimento acelerado no período. Já o destaque positivo foi a Coreia do Sul, que de um nível de produtividade semelhante ao Brasil em 1990, disparou de pouco mais de US$ 12,3 para próximo de US$ 60 em 2022 graças a um rígido programa de desenvolvimento educacional envolvendo governo, escolas técnicas e indústrias. Enquanto isso, nós seguimos patinando entre US$ 12,3 e US$ 15, aproximadamente, e teremos a falta 3,2 milhões de trabalhadores qualificados até 2027.

Esses dados são os disponíveis para nossa reflexão: quais caminhos buscar para suprir a demanda de capacitação e, ao mesmo tempo, conseguir aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro, proporcionando maior poder de compra e maior qualidade de vida, sem comprometer as metas de inflação?

A resposta imediata é educação em primeiro lugar. Entretanto, esbarramos nas ações necessárias para implementar essa solução.

Educação, em sentido amplo, abrange condições diversas, como habitação, infraestrutura, transporte, escolas de base, institutos de formação técnicas e universidades. Todas essas condições devem ser atribuídas a um projeto de país, onde os interesses da melhoria das condições do povo, com crescimento econômico e competitividade, compete aos governos, que são eleitos pelos votos daqueles que hoje não sabem nem que precisam para fazer parte desse projeto, e os resultados jamais aparecem, não importando quais sejam os eleitos.


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As indústrias hoje dispõem de fontes que podem ser utilizadas em projetos para educação básica e tecnológica, mas que não são usadas, quer por desconhecimento do que é oferecido, quer por desinteresse em ser parte da cadeia de formação e qualificação de mão de obra. Para quê treinar e qualificar se, ao final, será preciso melhor remunerar esse trabalhador para não perdê-lo? É preciso quantificar os resultados obtidos pela maior competitividade ao ter trabalhadores mais capacitados e melhor remunerados.

É difícil dar o primeiro passo. Precisamos entender que políticas populistas de maior distribuição de dinheiro na economia para as classes menos favorecidas (que se originaram ao longo de anos de políticas públicas erráticas) têm como reflexo imediato maior consumo de bens e de comida, criando demanda sem aumento de oferta, gerando como resultante um processo de inflação, numa equação de soma zero.

Caberá a nós, indústrias, gostemos ou não, dar o primeiro passo para essa mudança. Não se mudará o país em curto prazo, nem em uma geração. Como exemplo da Coreia do Sul, poderemos criar um povo mais instruído, mais sabedor dos seus direitos, mais consciente de suas obrigações, como cidadãos mais exigentes de seus governantes, mais orgulhosos de suas condições e qualidade de vida, e muito menos dependentes de esmolas populistas que se eternizam.

O programa da Nova Indústria Brasil (NIB) criou uma janela de oportunidade para que sejam apresentadas soluções inovadoras e se nós, da indústria metalmecânica, motor dessa e de qualquer economia, não conseguirmos nos organizar para esse primeiro passo, ficaremos cada vez mais defasados da realidade mundial, e será por culpa nossa.

*Imagem de capa: Depositphotos.com

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Carlos Eduardo Baptista

Presidente do Centro Empresarial das Indústrias Metalúrgicas do Município do Rio de Janeiro.

Indústria Metalmecânica - Rio de Janeiro

CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

O SINMETAL – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas no Município do Rio de Janeiro foi fundado em 09 de setembro de 1937. Sua História é de glórias! Apesar das várias transformações vividas ao longo de sua existência, pode-se afirmar, pela leitura de seus arquivos, que é verdadeira fonte da História Industrial Brasileira e até hoje, mesmo diante dos momentos mais difíceis, das crises econômicas, políticas e sociais que o Brasil e o Rio de Janeiro sofreram, nestes 86 anos de sua existência, os princípios que nortearam a Entidade sempre foram os da transparência, da ética e de muita luta em busca de uma economia estável, da geração de renda e emprego, do crescimento industrial, do bem-estar social e do fortalecimento das empresas, independentemente do seu tamanho, faturamento ou condição econômica.

Em 2021 o SINMETAL criou o CEM RIO, um Comitê Empresarial referência para interação dos negócios no Rio de Janeiro, agindo como um fórum de discussões, sugestões e busca de soluções para o segmento.

Em 2022, o Comitê passou a ser considerado como um Centro Empresarial e o nome CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO foi aprovado para constar do Estatuto da Entidade como seu nome de marca. Na prática, portanto, será conhecido como CEM RIO e dele poderão participar empresas metalúrgicas e outras que exerçam atividades afins ou com interesses similares, que desejarem participar do CEM RIO.

Assim todas as atividades sociais serão conduzidas pelo CEM RIO, um nome que nasceu forte, um Centro que reúne empresários com o objetivo principal de fortalecer as micros, pequenas, médias e grandes empresas.