Combinar novas tecnologias e biocombustíveis pode acelerar descarbonização, mostra estudo

Anfavea apresentou à Fiesp caminhos para reduzir as emissões de gás carbônico da frota nacional

A venda de carros elétricos no Brasil cresceu 1.400% nos últimos cinco anos e o mercado segue a tendência de alta. “Em 2030, mais da metade dos veículos leves terão algum tipo de eletrificação”, acredita o diretor técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Júnior.

Na visão da entidade, a combinação de medidas como a renovação e inspeção de frota, programas de reciclagem veicular, aplicação de novas tecnologias e o aumento do uso de biocombustíveis terão grande impacto. “Podem evitar a emissão de 400 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) nos próximos 15 anos”, explicou ele, em reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp, e conduzida por seu vice-presidente, Roberto Betancourt.

Para Henry, todos os setores devem fazer sua parte no processo de descarbonização, mas deu ênfase à necessidade de que o setor industrial comece a reagir rapidamente. “Vários elos da cadeia vão ter que ser envolvidos na discussão, porque o compromisso de redução de CO2 apresentado na COP 28, no ano passado, prevê a redução das emissões em 53% até 2030 e emissões zero até 2050”, lembrou.

De acordo com o estudo encomendado pela associação, o setor de transportes representa 13% das emissões de gás carbônico no Brasil, que chegou a 242 milhões de toneladas de CO2 em 2021. Conhecer o que ocorre no país é essencial para que os setores produtivos se posicionem, incluindo o agronegócio.

“Precisamos entender os principais caminhos do investimento que será demandado, e o estudo servirá como balizador para outros setores, como o agronegócio, uma vez que a produção de biocombustíveis que é um dos elementos essenciais para descarbonização”, afirmou Henry.


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O levantamento da Anfavea mostrou que o Brasil tem oportunidade de combinar novas tecnologias de produção e aplicação de biocombustíveis como vetores para a descarbonização.

“A transição energética pode ser gradual ou acelerada, se houver combinação de esforços como a eletrificação dos automóveis e maior uso de biocombustíveis”, sugeriu.

Os esforços de descarbonização apresentam potencial significativo de redução de emissões de CO2, que pode ser algo entre 30% e 50% para veículos leves, até 2040, e de 20% a 30% no caso dos veículos pesados, segundo o estudo.

A descarbonização, no entanto, não depende apenas da venda de novos veículos, mas da frota circulante. A estimativa da Anfavea é de que a quantidade de automóveis circulando com novas tecnologias em 2040 possa representar de 35% a 40%, no caso dos veículos leves, e de 15% a 19% dos veículos pesados.

Diante desse cenário, se a indústria automobilística caminhar para a solução híbrida, utilizando biocombustíveis, poderá haver ganho para o setor e para todo o ecossistema, incluindo os produtores de biocombustíveis, que pode ser uma importante solução para a descarbonização da economia.

*Imagem de capa: Depositphotos.com