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Representantes de parques tecnológicos e associações promotoras da inovação se reuniram na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) no dia 1° de agosto para discutir o futuro dos ecossistemas da inovação no Brasil, avaliando e apontando perspectivas sobre esse ambiente que converge pessoas, empresas e instituições de pesquisa no esforço dos empreendimentos inovadores. A existência dos parques tecnológicos, centros de inovação, hubs e aceleradoras de startups, incubadoras de empresas, entre outros agentes promotores, tem 20 anos no Brasil, mas enfrenta o que o coordenador do painel, Jorge Audy, identifica como modelo de rajadas: com impulsos importantes em alguns momentos, mas longos períodos sem investimento.
O painel reuniu falas de outras lideranças desse ecossistema: Adriana Faria (Anprotec/Iasp); Raul Lima (USP); Rodrigo Reis (UFPA/Parque Tecnológico Guamá), e Silvio Bittencourt (Unisinos/Tecnosinos), tendo como relator Maurício Guedes (UFRJ, Sedeics-RJ).
Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUC-RS e do parque científico e tecnológico Tecnopuc, integrando também a diretoria executiva da Associação Internacional dos Parques Científicos e Áreas de Inovação (Iasp), Audy abriu a mesa destacando a importância da inovação nas universidades. O exemplo mundial reforça essa percepção: oito dentre as dez das maiores empresas do mundo nasceram de parques tecnológicos universitários. Para isso acontecer no Brasil, o coordenador da mesa indicou que as universidades precisam elevar o foco em empreendedorismo ao mesmo nível da missão tradicional em ensino e pesquisa, integrando também a pós-graduação com o setor produtivo.
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A presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e Iasp, Adriana Faria, recomendou a integração dos ambientes da inovação, percebendo que a abrangência do ecossistema vai bem além dos parques tecnológicos ou clusters. Ela apontou a necessidade de atualizar os critérios do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), concebido há mais de 20 anos sem contemplar empreendedorismo e inovação. Adriana também ressalta a importância das incubadoras de empresa, que continuam sendo instrumentos para povoar os parques e distritos de inovação com novas empresas de base tecnológica.
Diretor do Parque Tecnológico Guamá, o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Rodrigo Reis, chamou a atenção para a diversidade regional em relação aos ambientes de inovação. Exemplificou a condição da Amazônia, que tem apelo maior à bioeconomia e se difere de outras regiões mais ligadas à indústria tradicional, muitas vezes mais reativas às iniciativas de inovação. Também frisou a necessidade expandir esse ecossistema no Brasil, abarcando ambientes de inovação menores no interior do país, que possuem grande capacidade de crescimento. Nesse esforço, Rodrigo destaca que é importante avaliar o impacto socioambiental dos projetos, promovendo a inovação de forma sustentável e conectando os territórios locais.
O professor da Universidade do Vale do Sinos (Unisinos), Silvio Bittencourt, diretor do Parque Tecnológico São Leopoldo (Tecnosinos), do Rio Grande do Sul, abordou o marco regulatório legal das startups e do empreendedorismo inovador no Brasil, estabelecido pela Lei Complementar nº 182/2021, que define as bases de um ecossistema mais dinâmico, enfatizando o papel dos municípios e estados. Observou que, no entanto, a aplicação da lei é atrasada pela falta de normatização nesses níveis de governo, de modo a criar medidas que favoreçam que o ecossistema se amplie. Bittencourt defende a ideia de inovação aberta, deixando claro que os desafios a serem enfrentados como sociedade não têm resposta individualmente, mas, por meio de arranjos e colaboração entre esses entes do ecossistema.
O professor Raul Lima, pró-reitor de Inovação da Universidade de São Paulo (USP), enfatizou o papel das deeptechs e da criação de startups decorrentes do desenvolvimento tecnológico acadêmico (spinoffs) acadêmicos. Conceituou a definição de deeptech como uma classe de empresas nascentes que desenvolve novos processos produtos, baseados em resultados da ciência ou significativa inovação da engenharia, o que hoje está no foco da USP, que tem 77% das empresas incubadas nesse perfil. Esse nível tecnológico profundo de elaboração de produto de inovação agrega valor à capacidade de empreendedorismo do meio acadêmico e pode ser um caminho para atrair mais o capital.
“Deeptechs precisam de infraestrutura especializada, pesquisa e desenvolvimento bem rigorosos e laboratórios na fronteira das técnicas de medição, de modo que ocorra essa cocriação”, explica o gestor de inovação da USP, que recomenda ainda a proximidade com os setores da sociedade a serem beneficiados.
Ao final do painel, o relator Maurício Guedes, superintendente de Inovação e Sustentabilidade no estado do Rio de Janeiro (Sedeics-RJ) destacou os 40 anos da criação da primeira política brasileira de apoio a parques tecnológicos no Brasil. Guedes fez um paralelo dessa capacidade visionária com a falta ainda hoje da concretização de resultados mais amplos de inovação. “Não podemos continuar acumulando doutores e pesquisadores que fiquem restritos ao ambiente de ensino e espera por concursos. Em qualquer país do mundo, o ambiente da inovação precisa ter um equilíbrio entre acadêmicos e empresários, pois o ecossistema da inovação emerge justamente dessas conexões”, conclui o relator.
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