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A Sondagem Especial 91, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que 86% da indústria instalada no Brasil utilizam pelo menos uma técnica de manufatura enxuta, sendo que 41% adotaram pelo menos 11 técnicas – em uma lista de 17 – para reduzir tempo e custo de produção e aumentar a qualidade em 2023.
A pesquisa mostra um aumento importante, na comparação com 2018, quando 35% das indústrias faziam uso de 10 a 15 técnicas, em uma lista de 15 possíveis técnicas. Ao adotar técnicas de manufatura enxuta, as indústrias melhoram a gestão, reduzem desperdícios e mantêm a melhoria contínua dos processos produtivos.
Para a CNI, o dado é animador, mas a pesquisa aponta um novo desafio: integrar essas técnicas, originalmente pensadas ainda na década de 1980, às tecnologias digitais, como inteligência artificial, internet das coisas e big data, para se tornarem mais produtivas e eficientes. Essa integração marca uma evolução nos paradigmas operacionais das empresas em todo o mundo.
Para 48% das indústrias de transformação, o alto custo de consultoria ou a implementação das técnicas representaram importante barreira em 2023. O percentual é maior do que os 34% encontrados em 2018, apesar das técnicas de organização da produção geralmente apresentarem baixo custo de implementação.
De acordo com a gerente de Política Industrial da CNI, a economista Samantha Cunha, esse aumento pode ser explicado pelo fato de que, cada vez mais, as técnicas de manufatura enxuta estarão interligadas à implementação de tecnologias digitais, que também possuem alto custo de implementação na percepção das empresas industriais.
Apesar de serem técnicas que já existem há muito tempo, para 37% da indústria de transformação brasileira ainda falta conhecimento sobre as técnicas, o que limita o seu avanço. Tanto na pesquisa de 2018 quanto na de 2023, a falta de conhecimento aparece entre as principais barreiras à adoção.
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“A pesquisa reforça a importância do programa Brasil Mais Produtivo, que realizará consultorias para as empresas, tanto para a adoção de práticas de manufatura enxuta quanto para a implementação de novas tecnologias digitais”, afirma Samantha Cunha.
A Associação Alemã de Engenheiros (VDI) estabeleceu princípios para classificar as diferentes técnicas de manufatura enxuta. Cada um desses princípios busca soluções para melhorar, em maior ou menor grau, três dimensões: tempo, qualidade e custo de produção.
As técnicas mais utilizadas são voltadas principalmente para a redução de tempo de produção, são elas: Trabalho Padronizado, com 78% da indústria de transformação fazendo seu uso, seguido pelo Programa 5S (69%).
Para a melhoria da produção, entre as técnicas mais usadas, estão: Gestão Visual (61%) e Gestão da Qualidade Total (56%).
Na dimensão custo de produção, as técnicas Manutenção Produtiva Total e Kaizen foram as mais utilizadas, com 58% e 57% das empresas, respectivamente.
Entre todas as técnicas, as menos utilizadas são o Yamazumi (Balanceamento do Operador), com 28%, na dimensão de tempo de produção, e o Relatório A3 (35%) e Poka Yoke (35%), em qualidade. Entre as técnicas da dimensão custo de produção, a OEE (Overall Equipment Effectiveness) é a menos utilizada, apesar de aplicada em quase metade das empresas (47%).
As características dos setores também importam. Naqueles com um processo dividido em diferentes etapas, como fabricação, usinagem e montagem, há utilização de mais técnicas de manufatura enxuta. Naqueles com processos contínuos (ou por bateladas), como o setor químico, o percentual de uso é menor.
As tecnologias digitais mais citadas entre as que ajudam diretamente na gestão foram: “Monitoramento e controle remoto da produção com sistemas tipo ERP, MES ou SCADA” e “Sistemas integrados de engenharia”, seguido pela “Automação digital com sensores para controle de processo”.
*Imagem de capa: Depositphotos.com
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