O volume de motos vendidas e produzidas até o mês de novembro já supera as previsões dos fabricantes feitas para este ano. Segundo balanço da Abraciclo - associação que representa o setor - entre janeiro e novembro foram produzidas 1.648.770 unidades. O crescimento é 22,6% superior ao de 2006.
Do total, 1.517.434 foram vendidas no mercado brasileiro, somando uma expansão de 27,4% e outras 130.580 foram exportadas. Entre os fatores que impulsionaram o crescimento do setor está o aumento do crédito para financiamentos.
“O mercado financia em até 72 vezes. A média histórica está em 46 meses”, diz o diretor executivo da Abraciclo Moacyr Alberto Paes.
De acordo com o especialista, apesar do forte crescimento dos financiamentos, o setor não teme uma crise de inadimplência futura. “O valor da parcela de uma moto é bastante baixo nos financiamentos de longo prazo. Outro aspecto é que as pessoas não compram mais por impulso, o consumidor está mais responsável e consciente”.
Potencial
O mês de novembro só não superou outubro em vendas e produção porque teve dois dias úteis a menos. Mesmo assim, o período encerrou com a comercialização de 158.458 motocicletas, somente 2,3% a menos em relação ao mês anterior.
A produção também manteve a média. Em novembro, saíram das linhas de montagem 167.707 unidades, volume 2,4% menor do que em outubro. “Foi um ano muito bom para a indústria”, observa Paes.
O diretor da Abraciclo justifica que o crescente potencial do mercado se deve ao preço do produto. “É a primeira opção de veículo”. Segundo a Abraciclo, 88% do mercado é de vendas de motos de 150 cilindradas.
O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores - Fenabrave, Sérgio Reze, ressalta o apelo do preço das motocicletas em relação aos carros populares. “Para aquela parte dos consumidores que têm menor poder aquisitivo, ou seja, a base da pirâmide, a moto é o primeiro passo para ter um veículo”. O modelo mais procurado de carro vende, em média, 20 mil unidades por mês. No caso da moto mais vendida, são 40 mil unidades por mês e da segunda mais procurada, 30 mil.
Indústria se prepara para disputa acirrada
Com a alta das vendas, a Abraciclo espera que, até o final do ano, a indústria de motocicletas produza 1,730 milhão de unidades, aumento de 21% sobre o volume do ano passado. Em vendas, a expectativa é que o mercado interno absorva 1,590 milhão de unidades.
Para 2008, a associação aposta em expansão de 14,4% das vendas ao mercado interno, o que representa 1,820 milhão de motocicletas. Assim, a indústria deverá produzir 1,940 milhão de unidades: 12% a mais do que a projetada para 2007.
As estimativas já contam com a entrada de novas empresas no mercado nacional. Segundo Moacyr Alberto Paes, da Abraciclo, já existem seis projetos aprovados de instalação de fábrica na Zona Franca de Manaus, no Amazonas. “Acredito que três ou quatro delas devam iniciar a produção em 2008”,observa.
Segundo fontes do setor de motocicletas, entre as empresas que decidiram investir no mercado nacional está a japonesa Kawasaki.
Disputa
Os seis projetos aprovados na Zona Franca ainda é pouco para Sérgio Rezeo, presidente da Fenabrave. Segundo ele, o setor já fala em 80 marcas que deverão estar presentes no país nos próximos anos. A movimentação é de países asiáticos como Japão, China e Índia. Na opinião de Reze, o mercado brasileiro tem capacidade para chegar a 4,5 milhões de motocicletas por ano. “Para ter idéia, uma fábrica de motos na Índia chega a fabricar 5 milhões”, diz.
O que todas as montadoras carregarão para 2008 é o alto valor do seguro de motos de até 250 cilindradas. Segundo Moacyr Alberto Paes, o setor busca uma solução, mas não consegue prever quando conseguirá resolver o problema.
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