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O cenário da indústria de máquinas agrícolas tende a ser desafiador este ano. Para o consultor Carlos Cogo, que acompanha o setor há anos, haverá uma retração de 5% nas vendas de tratores em 2024, para 51,5 mil unidades. Já nas vendas de colheitadeiras, a estimativa de retração é de 6%. Em entrevista concedida ao Globo Rural, o consultor disse que esse cenário é um reflexo de uma série de fatores, com o mais importante sendo a expectativa de queda nos preços da soja pelo terceiro ano consecutivo.
“Calculamos um valor médio US$ 23,44 para a saca em 2024 para o produtor de Mato Grosso, na comparação com US$ 24,33 em média neste ano”, afirma Cogo. De acordo com o profissional, com o provável declínio dos juros dos financiamentos no Plano Safra 2024/25, é possível que haja uma recuperação dos negócios no segundo semestre.
Segundo o especialista, o produtor poderá notar um aumento da rentabilidade após a safra de verão, que o fará pensar em investimentos. “O custo de produção já caiu 12% em média na comparação com 2022/23. Depois que ele fizer as contas, vai ver que foi um bom ano”, afirma o consultor, ressaltando, porém, que a produtividade das lavouras e, consequentemente, a rentabilidade das fazendas, dependerá do clima.
Ainda segundo a publicação, os novos investimentos dependerão da safra de milho, que será postergada em função do atraso no cultivo de verão. Segundo Cogo, o milho era considerado um “extra” pelos produtores, mas tem ganhado cada vez mais importância no cômputo geral da fazenda.
Ao que tudo indica, o segundo semestre também contará com juros mais baixos. Isso porque o Moderfrota do Plano Safra 2022/23 — lançado em julho de 2022 — ficou com juros de 12%, enquanto a taxa básica de juros estava em 13,75%. De lá para cá, a taxa Selic caiu para 11,75%, e o mercado é unânime em projetar que os cortes continuarão.
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“Isso deixa claro que o produtor terá que esperar o novo Plano Safra para comprar máquinas agrícolas. É o ideal a fazer, a não ser para quem está com muita pressa e consegue juros bons em bancos privados”, afirma.
Para o consultor, uma das tendências para 2024 é a busca por máquinas maiores e mais potentes, com cerca de 500 cavalos. “Não é incomum a propriedade que faça três safras no Brasil. Isso não acontece em nenhuma parte do mundo e o produtor precisa de máquinas robustas e potentes, não necessariamente grandes, que aguentem esse volume de trabalho”.
Outro fator que preocupa os produtores é a falta de conectividade na área rural. Segundo a publicação, atualmente 69% das fazendas estão sem acesso à internet em tempo real, os dados coletados nas máquinas costumam ser despejados no sistema da fazenda no fim do dia, ao chegar na sede.
Na agricultura familiar, o consultor também vê um aumento da demanda por máquinas agrícolas, fruto da falta de mão de obra. “A população rural é 14% do total e as 4 milhões de propriedades familiares precisarão mecanizar suas fazendas e sítios para continuar na atividade”, afirma ele. Neste caso, as máquinas são específicas e pequenas, com média de 130 cavalos de potência.
*Imagem de capa: Depositphotos
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