Mercado de caminhões têm nível recorde

Montadoras apostam na venda de mais de 90 mil unidades neste ano

Fonte: Diário do Grande ABC - 17/09/07
Foto: Divulgação

Mais aquecido no segundo semestre, o mercado de caminhões no Brasil ultrapassará a marca de 90 mil unidades vendidas neste ano. Se a previsão das montadoras de ano recorde for confirmada, o mercado crescerá acima de 20%, já que no ano passado foram comercializados 76,2 mil caminhões.

"Nunca vivenciamos um mercado desse de caminhões. Vai ser o recorde de todos os tempo", afirma o gerente de Vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Antônio Cammarosano. Segundo ele, o fechamento do ano não dependerá da demanda, e sim da capacidade produtiva das montadoras. "Todas montadoras no limite", ressalta o gerente.

Tanta aceleração é justificada pelo crescimento em conjunto do agronegócio, da construção civil, do transporte de mercadorias, em geral, com o destaque para o setor de bebidas etc.

De acordo com o diretor das Operações de Caminhões para a Ford América do Sul, Oswaldo Jardim, a melhoria da renda e o aumento da disponibilidade de crédito ajudaram a manter o mercado aquecido durante todo o ano. "O trabalho consegue remunerar o investimento feito no caminhão", afirma.


Desempenho
- O comportamento do setor, especialmente o dos segmentos pesados, é tão positivo, que em agosto as empresas já atingiram marcas recordes. A Volks, por exemplo, vendeu mais de 3 mil unidades no mês passado.

Já a Scania fechou o primeiro semestre com a venda de 3,1 mil caminhões – incremento de 38% sobre igual período de 2006. Com a marca, o Brasil se tornou o maior mercado mundial de caminhões da montadora sueca. Ou seja, ultrapassou a Alemanha, onde número de vendas chegou a 2,6 mil unidades da marca.

Após crescer 212,4% no segmento de pesados de janeiro a agoto, em relação ao mesmo período do ano passado, a Iveco (divisão da Fiat) confirmou investimento de R$ 150 milhões até 2008. No total do mercado, que subiu 29,8%, a Iveco cresceu 89,5%.

A Ford Caminhões aumentaram na mesma proporção. No primeiro semestre, 10.643 unidades foram comercializadas pela montadora no varejo e fizeram a participação da Ford no mercado aumentar de 19,4% para 20,6%.


Locadora de São Bernardo investirá R$ 50 mi em frota

Cliente das montadoras, a Rodobens Locação de Veículos, com filial em São Bernardo, investirá neste semestre R$ 50 milhões em veículos, que passará de 2.026 para 3.250 unidades. O valor da frota de caminhões (9% do total de veículos) deverá ultrapassar R$ 28,8 milhões, segundo a empresa.

"Há lista de espera, mas as locadoras já são clientes antigos, então existe colaboração de ambas as partes", afirma o diretor da Rodobens Locação, Nelson Belém. Segundo o executivo, apesar de estar comprometida a logística de entrega de veículos, é positivo para o mercado vender caminhões com prazo de três meses. "O ideal é trabalhar com a venda futura, não vender o estoque", observa.

Locação - Uma alternativa para quem não pode aguardar nas listas das montadoras é a locação de caminhões. De acordo com Nelson Belém, este conceito tem sido incorporado pelas empresas faz cerca de cinco anos.

"O mercado está bastante ativo, porque as taxas de juros de locação caíram de 20% para 13% ao ano", diz.

Devido à consolidação das locações, a empresa espera fechar o ano com crescimento de cerca 80% em volume de negócios, passando de mais de R$ 20 milhões no acumulado de 2006 para um valor estimado em R$ 36 milhões neste ano.


Lista de espera chega a cinco meses no segmento de pesados


No segmento de caminhões pesados, a lista de espera já chega a cinco meses. "Os modelos mais procurados são os para mineração, cana-de-açúcar, construção civil e transporte de longo percurso", afirma Oswaldo Jardim.

Apesar da longa fila, o diretor da Ford Caminhões acredita que a falta de produto na pronta-entrega não prejudica os clientes. "Para nossa surpresa, o frotista está maduro, ele já faz planejamentos para 2008", afirma Jarim. Segundo o executivo, a Ford estuda caso a caso a relevância de entrega, para não prejudicar os clientes.

Por outro lado, Antônio Cammarosano, da Volkswagen, considera "desgastante" a situação das listas. "O cliente precisa esperar, mas não está acostumado. Na Europa, o cliente aceita esperar porque ele se programa para isso", afirma.

Segundo Cammarosano, a Volkswagen tem grande pedido em carteira acumulado. "A carteira deste ano está fechada e a entrega está atrasada", constata.

A montadora tenta acelerar a produção ao máximo, entretanto, esbarra na cadeia de matéria-prima, que segundo ele, não reage. "Mexer a cadeia inteira é muito difícil. Os fornecedores precisam expandir, mas vai levar mais um ano para conseguirem aumentar a capacidade de produção", observa o gerente de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus.


Previsão para 2008 é de crescimento de até 10%

A expectativa do setor é crescer entre 5% e 10% em 2008. Entretanto, o mercado interno só chegará em 100 mil unidades, se as fabricantes conseguirem ajustar a produção.

"Este crescimento não é por demanda reprimida. Não estávamos preparados para crescimento desse porte.", afirma Antônio Cammarosano, da Volkswagen.

As exportações da empresa, inclusive, já são comprometidas pela demanda nacional. A Volks exporta para o México e para África do Sul.

Segundo o gerente de vendas, a empresa trabalha com dois turnos completos, mas não há previsão de expansão da fábrica.

Em relação à capacidade produtiva, a Ford também utiliza o potencial máximo. "Trabalhamos na capacidade total, de 136 unidades por dia. Para aumentar esse número, temos alternativas como horas extras, turnos de sábado etc.", diz Oswaldo Jardim.

Já a Mercedes-Benz, que já trabalhava com dois turnos, contratou entre maio e junho 450 novos funcionários em São Bernardo. Com a mesma estratégia, a Iveco contratou neste ano 315 novos trabalhadores e abriu o segundo turno na fábrica de Sete Lagoas (MG).

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