Alunos da Engenharia de Produção de Petrópolis têm projeto premiado em congresso na Tunísia

Uma equipe de alunos de Engenharia de Produção da UFF de Petrópolis recebeu mais uma premiação internacional para a universidade com um projeto sobre aprimoramento de descartes e redução de desperdício pensado para uma empresa na área de soldagem. Os graduandos de Engenharia de Produção alcançaram a terceira colocação na categoria de estudantes em um congresso voltado para a inovação na área de aprendizagem ativa em Engenharia, conhecido como PAEE/ALE, que foi realizado na Tunísia no mês de junho. O evento contou com a presença de renomados pesquisadores e alunos de diversos países de todo o mundo.

O projeto da equipe foi desenvolvido a partir de uma disciplina da graduação, “Projetos de Sistemas de Produção I”, na qual os graduandos, através de parcerias, prestam atendimentos a companhias interessadas. Nesse caso, as orientações foram direcionadas à alemã “Abicor Binzel Brasil”, que solicitou instruções na área de sustentabilidade - especificamente sobre gestão de resíduos sólidos - com o objetivo de aprimorar os descartes e zerar o desperdício. O trabalho realizado junto à Abicor se intitula “Gestão de resíduos sólidos em uma empresa de tecnologia de soldagem” e foi implementado por quatro estudantes petropolitanos: João Pedro Araújo, Fernanda da Rocha, Joel Alves Meira e Rennan Barros, orientados pelo professor Moacyr Figueiredo.

“Mapeamos todo o sistema deles, desde a produção até a administração, identificando gerações de resíduos. Após essa fase, analisamos os problemas relacionados ao tema, agrupando-os em ‘famílias’, e levantamos suas causas. Por fim, propusemos grupos de soluções adequadas aos princípios de sustentabilidade. Em suma, indicamos o destino de cada material descartado na produção”, explicou João Pedro.

A empresa, que atua na área de soldagem, usa primordialmente o latão como matéria-prima. Dez toneladas desse material são utilizadas anualmente e 10% do total é descartado. Com a coleta seletiva proposta pelos alunos da UFF, uma parte dessa sobra passou a ser revendida e agora está gerando receita extra para a empresa. Já os resíduos que não podem ser reutilizados, como caixa de papelão, plásticos e outros, agora estão sendo descartados corretamente.


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Com foco em zerar o desperdício, os alunos sugeriram o uso de bacias de contenção para o óleo utilizado nas máquinas, aumentando a eficiência da coleta. “O resíduo desse material que era desperdiçado ao cair no chão e limpado com um pano ou serragem, passou a ser reutilizado pela máquina”, exemplificou o aluno.

A ação da equipe teve início durante o primeiro semestre de 2018, e segundo eles, na prática, a companhia teve resultados muito significativos. “Após um ano de aplicação das medidas propostas pelo grupo, calcula-se uma melhora de 60% na eficiência da gestão de resíduos da corporação. Além disso, a intervenção também garantiu a adequação da instituição às normas e legislações ambientais, e fez com que seus colaboradores se tornassem mais proativos e conscientes sobre esta questão”, ressaltou o aluno.

O orientador do trabalho, professor Moacyr Figueiredo, destacou que a elaboração de projetos como este ajudam a UFF a se consolidar como uma instituição de excelência. “A universidade faz ensino, pesquisa e extensão e a aprendizagem baseada em projetos permite que se trabalhe nessas três frentes ao mesmo tempo. No ensino porque está inserido no projeto pedagógico do curso de graduação, na pesquisa porque se gera conhecimento e extensão porque estamos ajudando essas empresas a melhorar seu ambiente de trabalho e resolver os problemas, contribuindo também para a redução do impacto ambiental”.

Com o desempenho obtido no congresso, a equipe já garantiu a inscrição automática e gratuita para a próxima edição do evento, em 2020, na Tailândia. “Ainda não temos um projeto definido. Foi uma surpresa para nós, mas já estamos focados em elaborar outro trabalho. Com o que aprendemos, buscaremos o pódio novamente ano que vem”, declarou Joel Alves.

A experiência

Neste ano, apenas dois integrantes do time conseguiram ir à Tunísia representar a UFF na competição. O curto espaço de tempo entre a aprovação do projeto e a realização do simpósio impossibilitou a arrecadação da quantia necessária para arcar com as despesas de todos os participantes. Joel Alves foi escolhido por dominar o inglês - fator essencial para realizar a apresentação - e João Pedro por ter sido o gerente-geral do projeto. Para conseguir o valor necessário para a viagem, os estudantes abriram uma vaquinha virtual e também contaram com a ajuda da Proaes (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis) e de algumas empresas da região, como a própria Abicor Binzel. O valor arrecadado custeou as passagens, inscrição, alimentação e deslocamento.

O evento reuniu - entre graduandos, mestrandos e doutorandos -, 30 estudantes de diferentes nações. Também competiram na esfera estudantil universitários de renomados centros acadêmicos internacionais, como a Universidade do Minho, de Portugal, a Universidade de Aalborg, da Dinamarca e a Escola Superior Privada de Engenharia e Tecnologia (ESPRIT), da Tunísia. Segundo Joel, “o contato com pessoas de diversos países e faculdades reconhecidas mundialmente, foi uma experiência incrível. Algo diferente de tudo que já havíamos vivido. Pudemos enxergar o valor da nossa instituição. A metodologia que usamos se provou excelente, garantindo a disputa com universidades renomadas do mundo inteiro. Tenho certeza de que vamos nos formar como ótimos profissionais”.