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Depois do diesel e antes que a eletrificação se consolide como fonte viável para mobilidade, caminhões e maquinários agrícolas passarão por uma fase na qual serão movidos a gás. Quem diz isso é André Faria, especialista de Marketing de Produto da FPT Industrial, empresa fornecedora de motores para os caminhões da Iveco e máquinas agrícolas da CNH Industrial.
Na última Agrishow, realizada em maio em Ribeirão Preto, a FPT mostrou seu gerador de energia movido a gás, tecnologia que pode ser abastecida com Biometano, Gás Natural Comprimido (CNG) e Gás de Petróleo (GLP), em sistemas de baixa e alta pressão: “A gente aposta muito no biometano, que tem eficiência energética e pode ter o mesmo desempenho que um motor a diesel, com custo menor e menos emissão de poluentes”, afirma.
Ele diz que os frotistas assim como produtores rurais, estes como geradores de biomassa, podem se beneficiar do gás e ainda vender energia excedente. “Por exemplo, eu tenho um laticínio com duas mil vacas. Meu negócio é fabricar leite, queijo e iogurte. Mas posso também colocar toda matéria orgânica, como esterco, no biodigestor para gerar energia. O que exceder o meu consumo eu vendo. Então, além de leite, queijo e iogurte, vou vender também energia elétrica. ”
A equação parece simples mas, segundo Faria, o grande desafio hoje é obter uma padronização dos gases produzidos. “O biometano que eu gero a partir de lixo é uma coisa. O que eu gero a partir de dejetos de granja é outra coisa. Fazer essa padronização é que é difícil e custa dinheiro”, alega. Outro desafio é obter um bom gás que não diminua a durabilidade de motor e peças.
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A Scania é outra montadora que está investindo em veículos para combustíveis alternativos. Também na Agrishow, a montadora apresentou seu caminhão a gás de 410 cavalos usado pela Transportadora Morada do Sul na rota Matão/Santos a serviço da Citrosuco, empresa que produz suco de laranja: “Além da redução da contaminação ambiental, o veículo a gás traz vantagem econômica. Ninguém vai fazer uma mudança de uma tecnologia tão segura como a do diesel se não houver vantagem econômica”, afirma o diretor comercial, Sílvio Munhoz. Segundo ele, o caminhão da Scania apresenta vantagem seja rodando com GNV seja rodando com biogás. “É suficiente para justificar a mudança de tecnologia”, garante.
De acordo com ele, é inevitável que os caminhões adotem alternativas como o gás: “O agronegócio despertou para a riqueza que está jogando fora, referindo-se aos resíduos da produção. Eles sabem que podem fazer uma revolução usando sua própria matéria-prima para gerar combustível sustentável. Logo vamos ter muitos caminhões a gás circulando no País e temos sorte de ser os primeiros a oferecer essa solução já pronta”, declara. Munhoz garante que o caminhão a gás da Scania tem potência e performances semelhantes às dos veículos a diesel.
Investimentos
Depois de R$ 2,6 bilhões anunciados em 2016 para serem aplicados até 2020 no Brasil, a Scania anunciou recentemente que decidiu investir mais R$ 1,4 bilhão no País, no período de 2021 a 2024. Os novos recursos serão direcionados a modernização da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). A montadora diz que seu ritmo de investimentos é de R$ 100 milhões por ano. Mas, para atender às novas tendências do transporte no mundo, foi preciso elevar esse patamar.
“Estamos há 62 anos no Brasil sempre acreditando na visão de longo prazo e potencial do País e esse aporte reforça nossa jornada em direção ao transporte sustentável.”, diz Christopher Podgorski, presidente e CEO da Scania Latin America. De acordo com ele, a montadora trabalha atualmente com foco nos combustíveis alternativos, especificamente veículos movidos a gás. “A produção de caminhões a gás em nossa planta, planejada para 2020, exemplifica o que reconhecemos como um investimento sustentável, ou seja, bom para os negócios e sociedade, e ao mesmo tempo de menor impacto para o meio ambiente”, completa.
Renovável
A UPS, uma das maiores empresas de logística do mundo, anunciou recentemente a aquisição de 170 milhões de galões de gás natural renovável (RNG) em um acordo com a Clean Energy Fuels Corp.
As entregas acontecerão até 2026, com consumo anual estimado de 22,5 a 25 milhões de galões. Este é o maior compromisso já firmado por qualquer empresa americana para o uso de RNG. A UPS tem como meta aumentar o uso de combustível alternativo no transporte terrestre para 40% do total até 2025 e o RNG é uma parte fundamental dessa estratégia. Essa iniciativa colabora para a redução de 12% das emissões absolutas de gases de efeito estufa (GEE) de sua frota terrestre até 2025.
Desde 2014, a UPS utilizou mais de 28 milhões de galões de RNG em sua frota terrestre. Isso significa que a empresa estará usando, em um ano, quase a mesma quantidade de RNG consumida nos últimos cinco anos. Com a troca do diesel para o RNG, os veículos da UPS reduzirão as emissões em 1.074.000 toneladas métricas de gases de efeito estufa. Isso equivale a plantar 17 milhões de árvores, remover 228.000 de carros da estrada ou reciclar 374.000 toneladas de resíduos que seriam enviados para aterros sanitários.
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