De onde vem a massa?

Novo laboratório na Alemanha promete progressos para a área da física de interações fortes

Durante a última semana de fevereiro, físicos experimentais e teóricos da Alemanha e do Brasil se reuniram no Workshop on Mass Generation in QCD para discutir o futuro da pesquisa na área de física de interações fortes, frente à perspectiva que a construção da FAIR (Facility for Antiproton and Ion Research) apresenta para os cientistas.

Organizado pelo ICTP- SAIFR, centro associado ao IFT-UNESP, em parceria com a FAIR e DWIH, o workshop contou com dois objetivos principais: o primeiro, científico, de promover debates sobre a origem da massa visível, enquanto o segundo era de atrair físicos interessados para pesquisas no futuro laboratório.

O modelo padrão da física engloba quatro interações, são elas: a fraca, a forte, a eletromagnética e a gravitacional. As interações fortes se referem às interações de prótons, elétrons e nêutrons, sendo possível de serem encontradas no interior do núcleo atômico. Assim, o foco do workshop foi um aspecto específico desse fenômeno: buscar entender de onde vêm a massa visível, composta por essas partículas.

A Instalação de Pesquisa em Antiprótons e Íons (FAIR) promete progressos nesse campo de pesquisas. Localizada na cidade de Darmstadt, na Alemanha, ela consiste em uma base internacional de aceleradores de partículas e busca respostas para algumas das perguntas fundamentais desse campo da física,  por exemplo: como a matéria do início do Universo evoluiu?

Como a força forte, que liga as partículas que compõem os núcleos atômicos, funciona? De onde vêm os elementos atômicos? Como a força eletromagnética, que liga átomos e moléculas, funciona em condições extremas? Além disso, as pesquisas realizadas com os novos aceleradores podem trazer resultados não apenas teóricos, como também práticos, para as áreas de física de matéria condensada, biologia e ciências biomédicas.


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“Um componente extremamente importante do laboratório é a física aplicada, principalmente na medicina, agricultura e indústria farmacêutica”, comentou Gastao Krein, professor e pesquisador no IFT-UNESP e um dos organizadores do evento.

O docente lembra que, no Brasil, existe o Instituto Nacional de Física Nuclear e Aplicações, que, entre outras coisas, dedica-se a encontrar aplicações para esta área, desde em museus – para as pesquisas de autenticidade de quadros e arqueologia –, até aplicações em áreas médicas, principalmente no que diz respeito a novos tratamentos de câncer. “A possibilidade de cooperação com outras áreas também é uma característica muito importante da física de interações fortes”.