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Recém-inaugurado, o primeiro telescópio de um importante observatório internacional, o Cherenkov Telescope Array (CTA), localizado nas Ilhas Canárias – arquipélago espanhol no Oceano Atlântico, ao largo do Marrocos –, contou, em sua construção, com a participação da comunidade científica brasileira. A contribuição de pesquisadores daqui foi possível graças a um projeto coordenado, no Rio de Janeiro, pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), que contou com o apoio da FAPERJ, por meio do edital Apoio a Projetos Temáticos no Estado do Rio de Janeiro. A inauguração do telescópio, que pertence ao grupo dos chamados Large Size Telescopes (LSTs), ou Telescópios de Grande Porte do CTA, ocorreu no dia 10 de outubro, e contou com a presença do diretor do CBPF, Ronald Shellard.
Com aproximadamente 23 metros de diâmetro e uma câmera composta por quase duas mil foto-multiplicadoras, os LSTs serão capazes de observar fótons com energias entre 20 GeV e alguns TeV. Essas características permitem que eles sejam utilizados, entre outros fins, para o estudo dos fenômenos mais energéticos do céu extragaláctico, como os buracos negros supermassivos, e quem sabe ajudar os cientistas a encontrarem a “matéria escura” do universo. Quando estiver completo, o CTA será o maior observatório mundial para a Astrofísica de Altas Energias. Ele terá mais de 100 telescópios instalados nos hemisférios Norte (em La Palma, nas Ilhas Canárias) e Sul (nos Andes chilenos), de diversos portes e configurações.
Outros institutos brasileiros, localizados no estado de São Paulo, também participam do CTA. Mas apenas o CBPF participou do projeto e construção deste primeiro telescópio. “A nossa contribuição foi para a concepção e construção de parte do sistema que será responsável pelo alinhamento dos espelhos que formam o sistema ótico do telescópio de grande porte do CTA”, disse o pesquisador do CBPF Ulisses Barres de Almeida, responsável pela execução do projeto submetido à FAPERJ, que teve como proponente o físico João Torres de Melo Neto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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O plano refletor do telescópio é composto por cerca de 200 espelhos, que devem ser constantemente alinhados, por meio de atuadores mecânicos e um sistema de ótica ativa, que contou com a contribuição do CBPF. As peças responsáveis pelo suporte mecânico e alinhamento dos espelhos, inicialmente desenhadas e prototipadas no CBPF, sob a coordenação de Almeida — já contemplado com o programa Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ — e do tecnologista Rodrigo Félix, foram posteriormente construídas pela empresa Elemar, em Campinas (SP), no contexto do projeto temático financiado pela FAPERJ, entre 2013 e 2015.
“O recém-inaugurado LST começou a ser construído em 2016, mas o projeto do telescópio, liderado por pesquisadores de Japão, Alemanha, Espanha e França, teve início há quase uma década, quando também começamos a projetar as placas de interface do sistema de ótica ativa dos espelhos. O projeto teve um custo total de aproximadamente 10 milhões de euros, a maior parte vinda desses países, além do Brasil”, detalhou Almeida. Trata-se de um projeto científico internacional, que envolve, ao todo, 32 países, com a colaboração de aproximadamente 120 instituições e de mais de mil pessoas, entre técnicos, pesquisadores e engenheiros. Da América do Sul, apenas Brasil e Chile participam atualmente.
Outros sete telescópios LSTs deverão ser construídos nos próximos anos, como parte da rede de telescópios do CTA. “O CBPF já recebeu a encomenda do Consórcio CTA para a produção das peças de interface dos espelhos para os novos instrumentos”, comentou Almeida. O CTA deve ser concluído até 2025, quando terá uma sensibilidade dez vezes superior aos outros telescópios atualmente em operação nesse área de estudo. “O CTA será o líder mundial em Astronomia Gama e potencialmente o maior protagonista de uma verdadeira revolução na Astrofísica de Altas Energias e Astropartículas”, avaliou.
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