Fundo para investimento em tecnologia perdeu 70% em verba nos últimos anos

O valor, que já chegou a R$ 4 bilhões em anos anteriores, foi reduzido a R$ 1,2 bilhão neste ano, sendo que a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) está autorizada a executar apenas R$ 600 milhões.

O avanço tecnológico garante competitividade e produtividade, mas ele só ocorre com investimento, infelizmente, em queda no país há vários anos. Mesmo os órgãos criados para fomentar e subsidiar as inovações se ressentem com a crise. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), ao qual a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) é vinculada, teve seu orçamento reduzido em 44% em 2017.

O contingenciamento do Orçamento adotado pelo governo neste ano e que, atualmente, está em R$ 32,2 bilhões, congelou metade dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que é, historicamente, a principal fonte de recursos para financiar pesquisa tecnológica no Brasil. O valor, que já chegou a R$ 4 bilhões em anos anteriores, foi reduzido a R$ 1,2 bilhão neste ano, sendo que a Finep está autorizada a executar apenas R$ 600 milhões. 

Papel estratégico 

O presidente da Finep, Marcos Cintra, explica que o órgão tem um papel estratégico para incentivar a inovação e completa 50 anos em 2017. “Grandes empresas como a WEG, a Embraer e a Embrapa tiveram apoio da Finep. Mas a discussão sobre indústria 4.0 está começando. O parque industrial brasileiro ainda tem muita coisa de 2.0 ou que mal chegou ao 3.0”, comenta. Cintra revela que o Senai está mais avançado nesta área. “O interesse é crescente”, reconhece. 

Com o fundo cortado à metade, a Finep está se adequando a nova realidade econômica. “Não temos mais linhas a fundo perdido. Mas temos R$ 500 milhões para emprestar, com juros atrativos e prazos de 16 anos”, diz Cintra. Para incentivar o uso das estruturas públicas de pesquisa, à míngua de recursos federais, a Finep criou uma linha de crédito para desenvolvimento de novos produtos com juros mais baixos se os recursos forem usados para contratar pesquisa em entidades, laboratórios ou universidades públicas. “Quanto maior a parcela para contratação colaborativa, mais longo o prazo e menor a taxa de juros”, ressalta.


Continua depois da publicidade


Para o professor, há uma carência gigantesca de recursos e pouca sensibilidade do governo de enxergar que a pesquisa e o desenvolvimento são o futuro para a indústria. “A pesquisa não hiberna, a fronteira tecnológica avança permanentemente. O orçamento em 2018 é 15% do que foi há quatro anos. Como fomentar? A indústria, que já não é importante na nossa pauta de exportações, vai ficar cada vez menos competitiva globalmente”, lamenta


Tópicos: