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O volume de exportação da produção industrial de transformação brasileira subiu 5,6% em 2016, embora a produção tenha caído 6,1% no ano passado. Os dados estão em uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado (Firjan) divulgado hoje (6), no Rio de Janeiro, que mede o Índice de Produção Exportada (IFPE). O IFPE mede a parcela da produção da indústria de transformação destinada às vendas externas.
A conjugação do cenário de queda da atividade econômica com a depreciação da taxa de câmbio contribuiu para o resultado do índice, que passou de 16,2%, em 2015, para 17,3%, no ano passado, maior valor da série história iniciada em 2003, depois de ficar em 17,8% no primeiro semestre, disse o coordenador de Estudos Econômicos do Sistema Firjan, Jonathas Goulart. O recuo de 17,8% para 17,3% acompanhou a apreciação de 11,6% do real no segundo semestre.
“A gente pode falar que o aumento da produção exportada foi influenciado pela desvalorização do câmbio, mas o recorde que a gente tem no IFPE foi direcionado pela queda da produção interna. Ou seja, a redução da atividade fez com que boa parte da nossa produção não fosse absorvida pelo mercado interno. Ela foi direcionada para a exportação”, disse.
Goulart disse que apesar de o efeito da desvalorização do câmbio ter ampliado a capacidade exportadora da indústria, o setor externo não foi suficiente para absorver nem impulsionar a atividade econômica do Brasil como um todo, uma vez que a produção industrial experimentou queda de 6,1%. O economista disse também que o aumento da quantidade exportada não significa a conquista de mercados novos pelo país. “Ele foi, simplesmente, o efeito de uma depreciação do câmbio no período”.
Perspectivas
Goulart disse que para que o Brasil consiga aumentar a produção exportada, ter novos mercados e mais relevância internacional, é preciso tratar de outras variáveis que são mais estruturais e estão na base da competitividade brasileira, e não achar que a expansão das exportações depende da taxa de câmbio. “Muito mais relevante é a estrutura brasileira de custos; a gente fala de produtividade”.
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Para os próximos anos, a expectativa é que a economia mundial cresça de forma mais significativa do que ocorreu em 2016, entretanto, a produção da indústria brasileira deverá apresentar um crescimento ainda fraco em 2017, com perspectiva de redução do Índice de Produção Exportada, fruto da combinação de aumento da produção e uma parcela do mercado internacional no mesmo nível registrado em 2016.
Segundo o economista, as reformas estruturais, em especial em relação à carga tributária, custo do trabalho e infraestrutura, são fatores essenciais para que o crescimento econômico do Brasil seja mais robusto e duradouro. Sem as reformas estruturais que reduzem com os custos da produção, Goulart disse que dificilmente a indústria nacional vai ter uma parcela maior no comércio internacional.
Setores
Entre os 24 setores da indústria de transformação pesquisados, 21 aumentaram a parcela da produção exportada em relação ao ano anterior. O economista disse que grande parte desse aumento se originou mais na queda da produção do que no aumento da exportação desses setores. Fumo e fabricação de metal, exceto máquinas e equipamentos, apresentaram menor nível de produção industrial e, ao mesmo tempo, nível recorde do índice na série histórica de cada setor, de 4,2% e 9,8%, respectivamente.
Em sete desses 21 setores, houve redução da quantidade exportada mas, ainda assim, aumentou o índice porque a produção caiu de forma considerável. “É como se o setor externo tivesse pegando a mesma quantidade que ele sempre pegou da nossa produção, só que a nossa produção foi bem menor. A desvalorização do câmbio não foi suficiente para poder aumentar a exportação desses setores”, disse Goulart.
Entre os 24 setores analisados, 11 mostraram um Índice de Produção Exportada abaixo de 10%. Os dois únicos setores com parcela da produção exportada acima de 30% foram outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (57,4%), influenciado pela indústria naval, e metalurgia (37,1%), que historicamente são sempre elevados. Os números consideram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
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