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A divisão de componentes para freios da Federal-Mogul Motorparts no Brasil conseguiu escapar da queda generalizada do faturamento das empresas de autopeças em 2015, com crescimento nas vendas de 5,8% em relação a 2014, e já projeta importante avanço de 25% em 2016. De acordo com José Roberto Alves, diretor geral da unidade no País, o bom resultado está lastreado nos mesmos fatores que devem garantir o desempenho deste ano: aumento expressivo dos negócios no mercado nacional de reposição de 23% em 2015 e previsão de 30% em 2016, além da robusta expansão das exportações para toda a América Latina, com alta de 29% e perspectiva de mais 30% nos próximos 12 meses. Os dois segmentos compensam o declínio do fornecimento direto de pastilhas e lonas a montadoras e sistemistas (OEM), que na avaliação de Alves deve ficar estável em 2016.
“No ano passado o plano era crescer 30% com o lançamento de novas marcas no aftermarket. Mas ficamos felizes em avançar quase 6% diante da queda de 19% do mercado de reposição doméstico, 22% nas vendas OEM (para sistemistas) e 42% no caso das compras dos fabricantes de veículos pesados”, avalia Alves. O substancial aumento de clientes no exterior teve papel decisivo para garantir o resultado: “Em 2014 exportávamos basicamente para México, Argentina e pouco para o Peru. Com o câmbio favorável e o trabalho de prospecção que fizemos aumentamos as vendas nos países onde já estávamos e colocamos na lista Uruguai, Paraguai, Colômbia e Chile.”
Alves conta que “o câmbio viabilizou as exportações quando o dólar atingiu R$ 3,20 e depois disso, indo a mais de R$ 4, melhorou a margem de ganho da empresa”. Em 2016 as vendas externas devem voltar a crescer amparadas por novas oportunidades de fornecimento, incluindo unidades da própria Federal-Mogul no exterior, que com os custos menores no Brasil estuda a produção na fábrica de Sorocaba (SP) de pastilhas de freios para carros feitos em outros países. “Negócios intercompanhia devem surgir este ano, existe a possibilidade de começar a fornecer para a empresa nos Estados Unidos, por exemplo, para equipar veículos que nem são produzidos aqui”, revela o executivo.
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Com a retração do fornecimento direto para montadoras e fabricantes de sistemas de freios (OEM), o mercado de reposição vem ganhando importância. Em 2014 a relação de vendas OEM/aftermaket era respectivamente de 45% e 55% na composição do faturamento no Brasil, em 2015 essa participação mudou para 30%-70% e este ano a perspectiva é de avanço ainda maior da reposição, incluindo as exportações.
“Esse avanço também é fruto da maturidade da estratégia que iniciamos em 2015, com o reposicionamento de nossas marcas no aftermarket”, explica Alves. A divisão produz em Sorocaba pastilhas e lonas e complementa os negócios com fluidos de freios, que compra de fornecedor e vende com a marca Jurid. “Temos planos de expandir o portfólio, mas com a retração do mercado decidimos esperar um pouco mais”, diz o executivo.
Em julho de 2014 a Federal-Mogul comprou a divisão de pastilhas e lonas da Honeywell, acrescentando oito fábricas à sua divisão de freios no mundo – incluindo a de Sorocaba no Brasil. No ano passado, a empresa deixou de trabalhar com a marca Bendix no mercado brasileiro de reposição e continuou a vender para OEM e aftermarket a linha premium Jurid, que atua há 40 anos no País com várias mudanças de controladores. Ao mesmo tempo, foram lançadas duas marcas de pastilhas, a Stop, mais econômica e com duração pouco menor (cerca de 15 mil quilômetros), e Ferodo, destinada ao segmento de carros premium.
Dez meses após o lançamento, a marca Stop passou a responder por 18% das vendas, enquanto Jurid e Ferodo ficaram com 87% e 5%, respectivamente. Até o fim de 2016 a projeção é que estes porcentuais de participação no faturamento mudem para 35%, 55% e 10%. “Esperamos por crescimento de 30% nas vendas de pastilhas Stop e Ferodo e de 15% das Jurid”, explica Alves.
Mais produtividade
O bom desempenho no Brasil também vem sendo consolidado por ganhos de produtividade, na média de 10% ao ano nos últimos quatro anos e que chegou a 13% em 2015, o que ajudou a compensar parte dos aumentos de custos de produção. Na fábrica, que opera desde 1982 em Sorocaba e hoje tem 180 empregados trabalhando em dois turnos, foram implantados ou estão em implantação 23 projetos de melhoria de produtividade financeira e operacional.
Alves cita o exemplo da redução dos custos de energia elétrica, que subiram 60%. “Conseguimos reduzir em 24% o consumo por peça produzida com uma caça aos vazamentos de ar comprimido, que aumentam o gasto de energia com o uso maior dos compressores elétricos. Descobrimos essas perdas em um sábado, quando as máquinas estão paradas e podemos ouvir onde está vazando. Agora um sábado por mês temos uma equipe para identificar vazamentos. Também reduzimos o número de curvas nas tubulações de ar para aumentar a eficiência”, explica.
Outra frente de combate ao desperdício foi aberta no manuseio de matéria-prima para a produção de pastilhas, tipo de pó composto por vários elementos. O transporte do material pela fábrica e a usinagem de peças gerava perdas de 9 toneladas de pó por mês, volume que foi reduzido para 1 tonelada com a adoção de circuitos fechados para abastecer as máquinas que prensam as pastilhas, além da redução das medidas de usinagem e o reaproveitamento dessas sobras na produção.
Sorocaba também é a fábrica da divisão de freios da Federal-Mogul Motorparts com o segundo melhor porcentual de peças rejeitadas e sucateadas (scrap), apenas 0,45% da produção que pode chegar a 1,5 mil por hora – contra 0,35% de uma planta da divisão no México.
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