Produção industrial no Brasil tem queda de 1,2% em agosto, diz IBGE

A produção industrial do Brasil mostrou deterioração pelo terceiro mês seguido em agosto, no pior resultado para o mês em quatro anos e com forte queda em investimentos produtivos em meio à recessão e crise política no país, que abalam a confiança dos agentes econômicos.

A produção registrou queda de 1,2 por cento em agosto sobre o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. A leitura, embora tenha reduzido o ritmo de queda sobre a perda de 1,5 por cento em julho, foi a pior para agosto desde 2011 (-2,1 por cento).

"Há redução clara dos investimentos, seja da ampliação dos parques ou modernização. Isso é reflexo do momento de dúvidas e incertezas e o cenário econômico em geral", destacou o economista do IBGE André Macedo.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial apresentou perdas de 9 por cento, 18º resultado negativo seguido e o pior resultado para agosto nessa base de comparação da série histórica iniciada em 2002.

A mediana das expectativas em pesquisa da Reuters era de queda de 1,55 por cento na comparação mensal e de 9,5 por cento na anual.

Segundo Macedo, o impacto da valorização do dólar sobre o real, de cerca de 50 por cento neste ano até a véspera, ainda é mínimo. "Olhando para produção e estatísticas de comércio exterior, há uma melhora, mas insuficiente para reverter a trajetória de queda do setor industrial", disse ele.

Caminhões e automóveis

O IBGE apontou que o segmento de Bens de capital - considerado medida de investimento - foi o que apresentou a maior queda em agosto sobre julho, de 7,6 por cento devido à menor produção de caminhões. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, desabou 33,2 por cento.

Também se destacou a queda de 4 por cento de Bens de Consumo Duráveis em agosto, por conta de automóveis e eletrodomésticos. O IBGE destacou que a produção foi afetada pelas férias coletivas em várias unidades produtivas.


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O único resultado mensal positivo foi registrado por Bens Intermediários, com alta de 0,2 por cento na produção sobre julho. Mas sobre agosto de 2014, houve perda 5,5 por cento.

Entre os ramos pesquisados, 14 dos 24 mostraram queda em agosto, sendo a principal influência negativa a queda de 9,4 por cento de veículos automotores, reboques e carrocerias.

A indústria brasileira vem acumulando resultados negativos ao longo deste ano. Para setembro, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) aponta que o ritmo de queda da atividade industrial diminuiu, porém que o setor permaneceu em território de contração pelo oitavo mês seguido.

As perspectivas para a indústria no próximo ano também continuam piorando de forma recorrente, e economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central passaram a ver contração em 2016, de 0,60 por cento. Para este ano, a queda estimada é de 6,65 por cento.

"(O setor industrial) continua a enfrentar fortes obstáculos provenientes dos altos níveis de estoques, confiança em mínimas recordes, fardo tributário alto, elevação dos custos da energia e demanda externa fraca", afirmou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em nota a clientes.

Pressionada pela fraqueza da produção industrial, a projeção para a economia brasileira, que já entrou em recessão técnica, é de retração de 2,80 por cento este ano e de 1 por cento no próximo.


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