Mercado brasileiro de veículos: crescimento acentuado a partir de 2017

Estimativa da MA8 Consulting sinaliza expansão após período desafiador.

O mercado brasileiro de veículos enfrentará meses de instabilidade. Entre 2015 e 2016 as vendas devem continuar retraídas. Em compensação, a partir de 2017 as vendas terão crescimento acentuado. Esta é a visão da MA8 Consulting, empresa de inteligência de mercado especializada no setor automotivo. A importância da Argentina na produção nacional tende a diminuir, enquanto a China ganhará espaço. “A preocupação da indústria nacional com a efetivação e retorno de seus recentes investimentos no País, apenas tem sentido no curto período de ajuste da economia nacional, mas não se justifica como alarde quando analisada sob um horizonte mais longo, de forma combinada com importantes fatores externos”, aponta Orlando Merluzzi, presidente da consultoria, em comunicado.

Segundo ele, a evolução do setor automotivo nacional será puxada por mais uma onda de crescimento da economia chinesa. Como o país é o principal parceiro comercial do Brasil, a alta terá impacto positivo sobre o PIB local, o que tende a refletir nos resultados do setor automotivo. O movimento fará com que o mercado nacional chegue a 5 milhões de veículos na próxima década, com expansão média de 5,6% ao ano a partir de 2017, segundo a MA8.

O estudo elaborado pela empresa usa os dados dos últimos quinze anos para encontrar a tendência futura. Os números são do período de maior crescimento do mercado de veículos no Brasil. Não sem motivos, o momento também é o de maior expansão da economia chinesa. “A China foi o motor mundial durante a década passada e o Brasil se beneficiou diretamente disso”, determina Merluzzi.

Para ele, há sinais claros de que o gigante asiático terá segunda onda de crescimento a partir de 2017. O presidente do país, Xi Jinping, prometeu dobrar o PIB até 2022. “Com uma taxa média de crescimento anual em torno de 7,5%, a promessa se tornará realidade”, acredita. Para concretizar o plano, a China demandará enorme quantidade de commodities minerais e agrícolas do Brasil.


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O consultor enfatiza que, apesar da influência positiva, o setor automotivo brasileiro precisa ficar atento a outros dados importantes, como o endividamento das famílias, restrições ao crédito, taxas de juro, inflação, desemprego, produtividade e política monetária. Merluzzi acredita que, antes de voltar a ser terreno fértil à expansão das vendas, o mercado nacional passará por meses de euforia alternados com momentos de contração dos negócios.

Lição de casa

Para driblar o período de ajustes, Merluzzi destaca a necessidade de que as montadoras mantenham cadeia saudável de fornecedores e fiquem atentos aos aumentos de custos de produção e às pressões sindicais por salários maiores e manutenção dos empregos. Para a consultoria, será inevitável otimizar as operações, revendo custos fixos e estruturais. “É possível que tenhamos até o enxugamento de algumas operações no País”, admite.

Outro aspecto importante, na opinião do consultor, é que as montadoras mantenham redes de distribuição saudáveis. Merluzzi aponta que, com a pressão para que os preços se mantenham baixos, devem acontecer abalos na rentabilidade. Segundo ele, a situação precisa ser revertida, já que a capitalização e motivação das concessionárias será elemento chave para o crescimento das vendas nos próximos anos.