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A performance do setor manufatureiro paulista foi pior no segundo semestre de 2014 em comparação com igual período de 2013, mostrou o levantamento Rumos da Indústria Paulista, elaborado pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
De acordo com a pesquisa, que teve como tema o balanço do ano passado e expectativas para o próximo ano, para 58,2% das empresas sondadas, o segundo semestre de 2014 foi pior em termos de atividade econômica do que nos últimos seis meses de 2013, enquanto 21% dos entrevistados afirmaram que o desempenho foi igual e outros 19,6% disseram ter sido melhor.
As entidades ouviram 424 indústrias na primeira quinzena de dezembro do ano passado em todo o estado. Da amostra, 59,4% são empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 32,1% são de médio porte (de 100 a 499 empregados), e 8,5% são de grande porte (500 ou mais empresários).
Ao comparar a situação da indústria no segundo semestre de 2014 com anos anteriores, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), responsável pela pesquisa, apurou que este é o pior balanço desde 2009, início da sondagem. O resultado de piora é superior ainda ao verificado no mesmo período em 2012, quando 44,3% das empresas consultadas informaram ter tido um desempenho pior comparativamente ao ano anterior.
"A indústria está em uma condição muito ruim seja no desempenho do [semestre] já ocorrido, seja com relação a expectativa do que vai ocorrer. E isso ainda temperado com uma mudança de governo", avalia Paulo Francini, diretor do Depecon.
O volume da produção teve queda, ou queda acentuada, nos últimos seis meses de 2014 para 58,7% das empresas consultadas. Com relação às vendas no mercado interno, 59,6% das empresas informaram queda ou queda acentuada, enquanto 50,3% das companhias exportadoras também anotaram queda ou queda acentuada em suas vendas externas. Produção e vendas no mercado interno também apresentaram os piores resultados desde 2009. Quanto às exportações, o resultado só não foi pior do que 2009, quando 59,1% das empresas indicaram queda ou queda acentuada.
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Baixa expectativa
Com relação ao primeiro semestre de 2015, as expectativas de empresários gravitam entre queda e estabilidade. Segundo o levantamento, 39,1% acreditam que seu volume de produção será igual em comparação com o primeiro semestre de 2014. Já 36,3% dos entrevistados esperam queda ou queda acentuada nesse quesito para o período.
No que diz respeito às vendas no mercado interno, 36,8% esperam queda ou queda acentuada, enquanto 35,6% acreditam que as vendas serão iguais em comparação com igual período de 2014.
A pesquisa apurou ainda que 40,2% das empresas acreditam que o movimento de suas exportações será igual no primeiro semestre de 2015 contra 2014. E 30,2% das organizações consultadas projetam uma queda ou queda acentuada de suas vendas externas.
As expectativas das empresas paulistas para produção e vendas internas para 2015 também são as mais baixas registradas pelo levantamento da Fiesp desde 2010. Para as exportações, as expectativas de queda só não são maiores que 2011, quando o percentual foi o mesmo (30,2% de expectativa de queda ou queda acentuada).
Menos emprego
O levantamento das entidades apurou ainda que a contratação de novos empregados será bem menor no primeiro semestre de 2015 ante igual período de 2014. Das empresas que participaram da pesquisa, 84,4% não pretendem contratar nos primeiros seis meses do ano, o pior resultado desde 2010.
Expectativa com governo
Das indústrias sondadas, 50,9% acreditam que o novo governo federal não mudará o rumo econômico do país. A mesma pergunta foi feita no início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, em 2011, e 28,2% das empresas consultadas afirmavam que o governo da ocasião não mudaria nada.
Segundo Francini, "a grande questão é o que o governo pensa a respeito da indústria. Temos escutado vários comentários das intenções do governo com respeito a medida para reformar uma coisa ou outra, muitas delas dirigidas a questão fiscal".
"Tudo isso é importante. Porém, o que a indústria pode esperar enquanto a intenção que o governo tem reservado para ela?", questionou.
O diretor da Fiesp e do Ciesp reitera a importância da criação de um projeto de crescimento do país.
"A indústria considera que para o país sua atividade é absolutamente indispensável e que o país não tem futuro de nação desenvolvida se não tiver indústria forte e sólida. Essa é a visão da indústria. Mas essa é também a visão do governo? Não Sei", argumenta.
Ele pondera, no entanto, que "não é obrigatório pensar desta ou daquela maneira, mas precisamos saber qual é o pensamento e todo país necessita de um projeto. A existência de um plano dá pelo menos aos setores econômicos a visão de qual é o seu papel dentro de um projeto de nação. E não ter ideia de tal projeto coloca muito em dúvida se você é ou não dispensável como atividade".
Inflação e câmbio
Para 79,2% das empresas ouvidas, o governo deve se valer do aumento de juros como instrumento para conter a inflação. Já 11,6% acreditam que a atitude do governo será o corte de gastos públicos.
Já no que se refere a taxa de câmbio, 49,1% estima que o governo deve tomar medidas, mas o Real se desvalorizará pouco, enquanto 16,3% acreditam que o governo tomará medidas e o Real vai se desvalorizar muito.
Carga tributária e incentivos
Quando comparadas as expectativas do final de 2014 com as do início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff em 2011, as empresas, agora, estão esperando que o governo promova um maior aumento da carga tributária e uma redução de incentivos. As consequências disso, segundo as expectativas das empresas que participaram da pesquisa, são o encarecimento da energia elétrica, dos combustíveis, do cumprimento das normas e regulamentações ambientais e até, em menor escala, da folha de pagamentos. Ao mesmo tempo, espera-se menos incentivos para investimentos fixos e inovação, e quase metade das empresas não sabe o que esperar do governo em relação ao custo e ao acesso a crédito.
No começo da semana, o governo anunciou o aumento de tributos sobre combustíveis, produtos importados e, também, sobre operações de crédito. O reflexo dessas medidas foi antecipado pelo empresariado paulista no ano passado em sua perspectiva de baixo desempenho para 2015
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